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16 de novembro de 2022Mesa-redonda realizada pela Care Global Partners Brasil no Congresso da ABQV evidenciou que atendimento de qualidade aumenta retorno financeiro
A eficiência dos Programas de Assistência ao Empregado (EAP) e de tecnologias a partir de ferramentas digitais, como plataformas com o uso de inteligência artificial e aplicativos, tende a se tornar, cada vez mais, grande aliada na prevenção e nos cuidados das questões de saúde mental dos colaboradores nas empresas. Esse foi o ponto principal da discussão da mesa-redonda “Programas de Saúde Mental – o que funciona para sua empresa”, promovida pela Care Global Partners Brasil, no segundo dia do 20º Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida (CBQV), realizado em formato híbrido pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), em 4 e 5 de outubro, no Instituo de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês, em São Paulo
Mark Attridge, PhD em Psicologia e mestre em Comunicação, explicou que as taxas de prevalência de distúrbios mentais e emocionais, como
- ansiedade;
- depressão;
- falta de qualidade no sono;
- uso indevido de substâncias como álcool e drogas ilícitas, cresceram muito desde a pandemia global de Covid-19.
Isso ampliou a necessidade por serviços de aconselhamento e tratamento psicológico, muitas vezes mais do que a oferta disponível para atender essa demanda. Esse momento também coincidiu com as precauções de segurança e de isolamento devido à crise sanitária, e ter de oferecer tratamentos a distância, com o uso de tecnologia (telefone, e-mail, vídeo na internet, aplicativos de smartphone) para conectar conselheiros ao vivo a funcionários com transtornos mentais.
Todo esse cenário contribui para a contratação e o uso de novas tecnologias pelas empresas para auxiliar seus colaboradores em problemas pontuais relacionados às questões mentais, mas sem a presença humana, servindo para a educação e autocuidado dos funcionários.
“Diante dessas possibilidades, a questão agora diz respeito a como fornecer serviços de suporte a muito mais pessoas (quando há escassez de conselheiros qualificados, como os psicólogos) e se o uso de tecnologia, com a presença do especialista, e de ferramentas de robôs de autoatendimento são igualmente eficazes”, pontuou Attridge.
Para conceituar a temática, o especialista comentou a pesquisa feita pela ABQV antes do 20º CBQV com as organizações brasileiras sobre o uso de ferramentas e soluções tecnológicas na promoção da saúde mental no trabalho. O objetivo era entender a percepção dos profissionais sobre as tendências recentes de como a tecnologia tem afetado a forma como os serviços de saúde mental são ofertados pelas empresas, incluindo o EAP.
O estudo revelou haver empresas usando o modelo do EAP (Employee Assistance Program), com atendimento psicológico em consultórios, nos locais de trabalho e a distância, e para treinamento; outras usando ferramentas com chatbot, realidade virtual, aplicativos para problemas pontuais e específicos e até rastreadores de risco on-line. Em contrapartida, mostrou também que poucas organizações oferecem a combinação de ambos: terapia ao vivo por atendimento presencial, vídeo, áudio, e-mail, treinamento ao vivo de como lidar diante de situações especificas e cuidados combinados.
“O aconselhamento individual fornecido pelos EAPs tem um longo histórico de pesquisas que documentam sua eficácia. As ferramentas de terapia baseadas em inteligência artificial são boas para triagem de risco e educação sobre saúde mental para a maioria da força de trabalho. Elas também podem ser usadas ​​em combinação com conselheiros humanos, o que chamamos de cuidados combinados. O sucesso futuro do atendimento às questões de saúde mental envolve maior integração em níveis operacionais e de compartilhamento de dados de aconselhamento humano com ferramentas tecnológicas”, afirmou Attridge.
Ele alertou para um problema oculto no uso das ferramentas digitais: o fato delas se concentrarem exclusivamente no usuário indivíduo, ignorando completamente o local de trabalho.
Também há uma desistência precoce do uso dessas tecnologias por não trazerem interação pessoal (taxa de -out). Outros questões incluem problemas com privacidade e ética dos dados digitais coletados e falta de proteção para uso por crianças.
“Os profissionais que atuam no EAP são especialistas na consultoria a gestores, suporte à liderança, treinamento para funcionários, preparação e resposta a crises e outros serviços de construção de cultura organizacional. Assim, os empregadores inteligentes devem instruir que o RH amplie essa linha de cuidado a partir de dados e das plataformas digitais, para melhorar os programas de assistência ao empregado, oferecer atendimento de alta qualidade em vários pontos de acesso para atender às preferências pessoais de diferentes funcionários com várias necessidades e gravidades clínicas, observando a integralidade do cuidado à saúde mental e às questões sociais, financeiras e jurídicas”, ressaltou Attridge.
Mais qualidade
O psicólogo e diretor da EAP LatinA Corporation, Eduardo Lambardi, concordou com Mark Attridge e reiterou haver crescimento no uso de EAP impulsionado pela pandemia, mas que é preciso ter atenção à qualidade do serviço ofertado, pois o mercado e as possibilidades também foram ampliados, mas os contratos pelos serviços prestados de assistência ao empregado foram reduzidos e os valores pagos por eles também.
Lambardi ainda reforçou que os EAP não são plataformas digitais e os serviços de assistência feita por humanos não são bots, mas que a integração de ambos beneficia tanto os colaboradores quanto as empresas, principalmente ao considerar que com a mão de obra saudável e valorizada, é possível potencializar a sustentabilidade do negócio. Isso se deve ao fato de que com os recursos certos e mais inteligência, valores são agregados à empresa, o que se reflete no nível de contribuição dos funcionários.
Retorno financeiro
Mas como um EAP e uma plataforma digital podem ter melhor integração?
Louis Servizio, Diretor Executivo da Care Global Partners Brasil, com um histórico de trabalho nos setores de informática de saúde, bem-estar, saúde comportamental e financeiro, salientou que o primeiro passo é utilizar as ferramentais digitais para screenings de risco e fazer um encaminhamento aos conselheiros dos Programas de Assistência ao Empregado e/ou utilizar um sistema integrado de suporte humano do EAP com uma plataforma digital, como um recurso adicional entre as sessões de aconselhamento.
Outra tendência apontada por Servizio está na contribuição do EAP para as outras áreas da empresa, além do aconselhamento aos funcionários, ofertando outros serviços organizacionais que as plataformas digitais não trazem, como suporte para uma combinação de problemas comportamentais, como
- estresse;
- relacionamentos;
- trabalho;
- problemas legais e financeiros.
“As empresas ganham com a maior utilização do EAP, o que também aumenta o ROI (retorno sobre investimento), quando ele é integrado dentro da empresa para ampliar sua visibilidade, reduzir o estigma do uso e aumentar os encaminhamentos ao programa de assistência ao empregado”, destacou o gerente-geral.
Servizio finalizou explicando existir ferramentas específicas que auxiliam nos cálculos de ROI e que mostram que unir EAP com plataformas digitais e introduzir novas tecnologias aumenta a taxa de utilização dos serviços prestados, o que resulta no aumento do retorno financeiro e na redução de diferentes tipos de custos com:
- absenteísmo e presenteísmo;
- rotatividade de trabalhadores;
- assistência médica;
- acidentes;
- afastamentos;
- treinamentos.