Integrar aconselhamento humano e ferramentas digitais é o futuro do cuidado com a saúde mental dos trabalhadores
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Nas últimas décadas, a humanidade passou por uma profunda e veloz transformação, que alterou a vida de todos. A forma de lidar com o mundo mudou e o impacto da tecnologia está cada vez mais presente no dia a dia das pessoas.
“A tecnologia mexeu na forma como lidamos com as coisas, como nos comunicamos, nos relacionamentos, a maneira de trabalharmos e de fazermos negócios. Éramos analógicos, agora não vivemos mais sem uma enxurrada de informações, dados e inovação. Mas estamos, de fato, preparados para tudo isso?”, questionou Felipe Lacerda, CEO da BeeCorp – referência em soluções de saúde e bem-estar para todos os tipos de negócios e especialista em saúde corporativa –, que realizou a palestra “Tecnologia x Pessoas. Existe um equilíbrio perfeito?”, no primeiro dia do 20º Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida (CBQV), promovido pela Associação Brasileira de Qualidade Vida (ABQV), em 4 e 5 de outubro, em formato híbrido, no Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês, na capital paulista.
Com o isolamento social, comentou o executivo, o cenário digital migrou para dentro das casas, inclusive o trabalho com o home office. Mesmo o entretenimento tornou-se digital devido à pandemia de Covid-19. Esse processo de digitalização afetou todos os setores da economia, desde a forma como se compra comida, viaja, faz reserva em hotéis, até no atendimento médico, que passou a ser a distância, com a telemedicina.
“As soluções tecnológicas mudaram a maneira das pessoas viverem de forma bastante profunda. Foi tudo muito rápido, e essa velocidade trouxe impactos a todos. Uma verdadeira tempestade de dados e informações e a necessidade de estar conectado o tempo todo nos forçou a mudar constantemente para nos adaptarmos a essa nova realidade. E cada um precisou olhar para dentro de si para superar os desafios e continuar trabalhando e produzindo renda”, explicou Lacerda.
Mas muitos não saíram lesos dessa experiência e adoeceram. No últimos três anos, segundo o executivo, quatro em cada dez brasileiros tiveram algum problema em decorrência da ansiedade. A depressão atualmente afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais depressivo da América Latina e o segundo com mais casos de síndrome de burnout no mundo.
Hoje, os custos gerados pela depressão e ansiedade, devido aos afastamentos e perda de produtividade, de acordo com a organização internacional, custa US$ 1 trilhão para a economia mundial. A expectativa é que em 2030 os custos com transtornos mentais possam custar US$ 16 trilhões ao mundo.
“São números superiores ao Produto Interno Bruto (PIB) da maioria dos países. A situação piorou e os números continuam crescendo. Diante de um quadro tão preocupante, as pessoas precisam praticar o autocuidado e as empresas têm de repensar a forma como lidam com as doenças mentais de seus colaboradores e as situações que podem desencadear e afetar saúde dos trabalhadores”, afirmou Lacerda, ressaltando que é preciso pensar em formas de melhorar os postos de trabalho para evitar transtornos mentais e essa é uma tarefa que pode exigir mudanças diversas, inclusive na postura das lideranças.
Desafios do mundo híbrido
Outro desafio apontado pelo CEO da BeeCorp é como agir no mundo híbrido, em que a tecnologia está presente, mas, ao mesmo tempo, também é preciso voltar a se relacionar com as pessoas, a realizar atividades presencialmente, o que também pode desencadear situações de estresse.
“É preciso colocar as pessoas no centro da estratégia. Não adianta ter inúmeras ferramentas para a promoção do bem-estar, mas os colaboradores não aderirem. É necessário a humanização dos processos e colocar o indivíduos no centro das atenções”, enfatizou o executivo.
Lacerda sugeriu quatro passos para que as ações de promoção à saúde e qualidade de vida dos colaboradores sejam efetivas:
- conhecer o perfil do seu público, inclusive hábitos e perfil epidemiológico;
- fazer o diagnóstico das necessidades e do cenário que possui;
- criar uma matriz de criticidade, pontuando as prioridades e os recursos disponíveis; e
- definir um plano de ação.
Ao fim da palestra, foi realizada uma experiência de autocuidado com a prática de mindfulness de atenção e consciência plena, para promover uma relação diferente com as situações diárias, cultivar a receptividade ao que acontece e fazer uma pausa, com o objetivo de desenvolver o bem-estar e a qualidade de vida.