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O estigma é definido como certo grau de vergonha, preconceito ou discriminação contra as pessoas e pode afetar as interações pessoais até as estruturas organizacionais. Dados de 2021 divulgados pela consultoria Mckinsey and Company indicam que 75% dos empregadores reconheceram a presença de estigma em seus ambientes de trabalho e sabem que seus colaboradores temem falar sobre suas necessidades. Adotar as ações corretas pode mudar o diálogo de estigma para apoio.
Esse foi o mote da Roda de Conversa on-line “Uma questão de pele – Os desafios relacionados ao estigma”, promovida pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), no dia 13 de julho.
A dermatologista Ivonise Follador, o médico clínico Fleury Johnson e o psicólogo Franklin Felix destacaram que o estigma e o preconceito, seja por
- Raça;
- Etnia;
- Condição social;
- Religião;
- Orientação sexual;
- Gênero;
- Idioma; ou
- Cultura, podem atingir e abalar da autoestima às interações pessoais, normas sociais, estruturas organizacionais e até a saúde mental.
As doenças da pele, como vitiligo, psoríase, entre outras, apesar de não serem contagiosas e não comprometerem a funcionalidade do indivíduo, são condições que podem causar em seus acometidos sentimentos como: vergonha, ansiedade, tristeza, insegurança, desamparo, além de quadros como isolamento social e depressão, podendo chegar à idealização suicida, devido ao preconceito e ao estigma.
Ivonise lembrou que a doença é uma visita inesperada e tem de se ter a consciência de que ela, muitas vezes, não tem cura, mas pode ser tratada, e proporcionar qualidade vida, cuidando do corpo e da mente.
“As doenças da pele extrapolam o interior, que muitas vezes está abalado. Uma mesma doença pode afetar as pessoas de maneira diferentes. Quando cuidamos do todo: físico e emocional, podemos usar essa doença como meio de transformação, de luta contra este estigma”, ressaltou a médica.
Preconceito
O preconceito com a pele é muito evidenciado, no Brasil, principalmente com relação às pessoas que possuem outras raças que não seja a branca. Johnson, que é estrategista em desenvolvimento de linha de cuidado de saúde da população negra e membro do Conselho Deliberativo da ABQV, explicou que o racismo é uma forma de preconceito que envolve a prática de discriminação contra pessoas ou grupos por causa de sua etnia ou cor. Embora envolva práticas, o racismo é estrutural e ainda está enraizado nos comportamentos e expressões sociais, culturais e institucionais da sociedade, estando muito presente no ambiente organizacional brasileiro.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que:
- Mais da metade (54%) da população brasileira é negra. Contudo,
- Menos de 5% dos trabalhadores negros ocupam cargos de gerência, enquanto
- A maioria exerce posições operacionais (47,6%) e
- Técnicas (11,4%).
“Infelizmente, no Brasil, a cor da pele ainda limita o acesso à saúde, à educação e às oportunidades. O caminho que a gente vem trilhando é para a diversidade e a inclusão, trazendo sempre esse olhar e o reflexo da sociedade para dentro das organizações”, destacou Johnson.
Ele salientou que nos últimos anos, o racismo está em evidente discussão e é visível o empenho das organizações para combatê-lo e criar uma cultura verdadeiramente inclusiva. Apesar dos avanços nessa luta, o racismo e a discriminação racial continuam a se manifestar em desvantagem e desigualdade. Por isso, as empresas, sendo as principais agentes do mundo de trabalho, possuem papel-chave na construção da diversidade e da equidade racial.
“As organizações devem criar comitês de diversidade e inclusão para que políticas e práticas sejam desenvolvidas e todos: negros, orientais, indígenas, mulheres, pessoas LGBTQIA+ tenham os mesmos espaços e oportunidades que os demais profissionais, inclusive ocupando a posição de líderes e na alta direção”, afirmou Johnson.
Novo olhar
Opinião reiterada pelo psicólogo Franklin Felix, que considera que são ações como as propostas pelo médico clínico que irão contribuir para que haja uma mudança na cultura organizacional, inclusive com um olhar mais afetuoso às pessoas e para as questões emocionais e de saúde mental.
“Adotar as ações corretas pode mudar o diálogo de estigma para apoio. Políticas, programas e práticas para criar uma cultura livre de discriminação agora são consideradas fundamentais”, garante Felix, destacando que o desafio presente é o de olhar atentamente para as culturas dos ambientes corporativos e seguir passos concretos para garantir que o ambiente seja de inclusão e apoio, com dignidade e respeito.
Assista a íntegra da Roda de Conversa “Uma questão de pele – Os desafios relacionados ao estigma” no canal da ABQV no YouTube.