19º CBQV – Saúde financeira e qualidade de vida andam lado a lado
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10 de julho de 2021Determinantes sociais e cultura de saúde são aspectos relevantes na construção dos programas de qualidade de vida das organizações
A pandemia do novo coronavírus trouxe impactos à rotina de muitas empresas que precisaram se adaptar a uma série de restrições sanitárias. Questões como o home office, a preocupação com a saúde física e mental dos colaboradores e a necessidade de adequar e reduzir custos por parte das organizações estão entre os desafios para manter a qualidade de vida do trabalhador em dia, além da sustentabilidade do negócio.
Com essa mudança na rotina empresarial e as dificuldades geradas por ela, é fundamental que as ações de gestão de saúde sejam implementadas e que realmente sejam eficientes tanto para os profissionais, bem como para as organizações.
Para tanto, de acordo com o presidente da International Association of Worksite Health Promotion (IAWHP), Philip Smeltzer, que abriu o segundo dia (18/5) do 19º Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida (CBQV), promovido digitalmente pela Associação Brasileira de Qualidade (ABQV), entre os dias 17 e 20 de maio, uma atuação estratégica é essencial para otimizar processos e gerar resultados positivos tanto para a empresa quanto para o colaborador.
“As empresas precisaram se reinventar e criar novas formas, com planejamento, para atender às necessidades dos colaboradores, pois os desafios do cenário atual precisam ser entendidos, administrados para que os impactos sejam amenizados”, garantiu Smeltzer.
A economia global em crise piora as condições socioeconômicas dos países e, na visão do presidente da IAWHP, consequentemente, dos indivíduos que, quando se mantém empregados, podem vir a apresentar uma queda do bem-estar no trabalho, o que, por sua vez, reduz a produtividade e dificulta o crescimento econômico.
O contexto de crise interfere nas condições da organização do trabalho e na vida das pessoas de formas diferentes de acordo com a função executada, o regime de trabalho e a forma de processamento e enfrentamento às situações. Mas a busca pela manutenção do bem-estar dos trabalhadores não pode ser deixada de lado.
“Para garantir continuidade, produtividade, sustentabilidade e lucratividade dos negócios, que dentro da cadeia produtiva se reflete em maior produção e ganhos para as empresas e para o país, é necessário o cuidado com a saúde e qualidade de vida dos profissionais. Não há como esta ser uma via de mão única”, destacou Smeltzer.
Ele salientou que é preciso lembrar que uma empresa pode ser considerada um ecossistema: com funcionários, líderes, clientes e fornecedores, com interações em vários níveis. E a qualidade de vida dos colaboradores influenciará todas as outras partes interessadas neste ambiente.
“Se pudermos melhorar a saúde, produtividade, segurança e bem-estar emocional dos trabalhadores, todo o ecossistema será influenciado e se beneficiará. O contrário também é verdadeiro. Quando os funcionários não são saudáveis, não são seguros, são ineficientes e têm baixa resiliência, a empresa e outras organizações se degradam”, alertou o especialista, que disse que o desafio não está no momento atual, de pandemia, mas, sim, como vamos mudar e o que será feito para modificar o que virá pela frente.
“A construção do sentido de propósito, recursos financeiros, identidade, saúde mental e comportamental e a sensação de pertencimento à organização são sentimentos importantes na composição da promoção do bem-estar psíquico, extrapolam as fronteiras da saúde e adentram também no cenário econômico. Esses pontos são determinantes para a cultura da qualidade de vida que queremos que todos tenham, do colaborador ao CEO”, explicou Smeltzer.
Ele disse acreditar que no pós-pandemia os empregadores deverão ter um compromisso maior com a saúde de seus colaboradores, com a qualidade de vida, pois viram que a crise sanitária prejudicou financeiramente muitas organizações e para voltar a prosperar e garantir a sustentabilidade precisam ter o capital humano saudável.
“O mundo mudou e saúde, resiliência, prevenção e cuidados médicos são segmentos importantes que deverão estar na base integrativa dos programas de qualidade de vida das organizações, sempre levando em conta o perfil dos colaboradores. Sobre o que vai acontecer ainda não temos as respostas, mas para o futuro desse novo mundo as organizações devem adotar modelos de referência para seus funcionários, como mitigar os determinantes socais, agir no estilo de vida desses profissionais, intensificando ações de curto e longo prazos, com a finalidade de construir estratégias e procedimentos que promovam, preservem e reestabeleçam o bem-estar”, afirmou.
Cultura de saúde
Neste momento, os trabalhadores podem experimentar mais insegurança no emprego e a percepção de uma carga de trabalho aumentada, podem ainda receber menos apoio social de seus colegas, enfrentar o medo da infecção, a solidão, podem estar atuando com novas modalidades de trabalho, para as quais não se sentem capacitados, por fim, podem estar passando por dificuldades ou até mesmo terem perdido seus empregos.
Cada situação guarda suas particularidades e possíveis tratativas. São cenários e atores diferentes inseridos em um mesmo constructo, cada caso deve ser analisado com critério, cuidado e empatia, entendendo que todos são parte da engrenagem que move o mundo e, portanto, responsáveis por cuidar da saúde física e mental dos trabalhadores.
Devido uma grande inabilidade social para lidar com essas situações e a importância ímpar do trabalho no cenário da retomada econômica, para o diretor de Comunicação da ABQV e ex-presidente da IAWHP, Alberto Ogata, mais do que nunca são necessários os programas de qualidade de vida e segurança dos colaboradores.
Ele explicou que os determinantes sociais, as questões genéticas, a educação, o estilo de vida e até a relação que temos com a espiritualidade, que determinam a resiliência, e o estilo de vida têm desfecho com a saúde e o bem-estar e não podem ser deixados de lado quando se pensa em qualidade vida.
“Bem-estar e qualidade de vida são o resultado dessa equação com todos esss fatores e a pandemia desnudou essa questão”, ressaltou Ogata, que comentou que hoje um gestor não pode ignorar este cenário, bem como a relevância da cultura em saúde.
“Aquele ambiente de trabalho onde intencionalmente tudo o que se faz é estrategicamente tendo a saúde como valor é assim que é uma empresa que possui a cultura de saúde. Ela estebece um bom suporte entre os colegas, a locação de recursos para o bem-estar do colaborador, com indicadores e métricas, orientações para o público interno e externo e conta com a particpação do trabalhador, não somente com o seu feedback. Ele é ativo na construção do programa de qualidade de vida da organização. São esses os programas que queremos nas instituições e que há 24 anos a ABQV reconhece com o Prêmio Nacional de Qualidade de Vida (PNQV)”, destacou Ogata.
Philip Smeltzer concordou com o diretor da ABQV e salientou que a eficácia da implantação de programas de qualidade de vida nas empresas não depende de recursos financeiros, mas, sim, do compromisso de longo prazo por parte dos líderes, apoio e confiança dos gerentes de linha de frente e a participação esmagadora de funcionários e suas famílias, bem como clientes, fornecedores e partes interessadas.
“É uma mudança de estratégia e esse é que é o desafio. Muitas empresas têm um punhado de programas para produzir grandes resultados, mas sem se esforçar para alcançar uma meta, missão ou conjunto de objetivos. Os programas de qualidade de vida ajudam a formar um clima positivo para que todos prosperem e melhorem. A falta de uma alta qualidade de vida é mera existência e pouca alegria”, afirmou o presidente da IAWHP.
19º CBQV – Manutenção da saúde do trabalhador é desafio para as empresas durante e pós-pandemia