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1 de setembro de 2022Para Evelyn Kortum, conferencista do 20º Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida, líderes e a alta direção têm papel fundamental na promoção de um ambiente de trabalho saudável e seguro
Como o ser humano é multidimensional, a qualidade de vida no trabalho afeta também a vida privada e o tempo de lazer. Desde a década de 1970, são apontados os elementos necessários para se ter o bem-estar no trabalho:
- Variedade de habilidades;
- Identidade da tarefa;
- Significado da tarefa;
- Autonomia; e
- Importância do feedback.
Somam-se a eles os fatores psicossociais relacionados a como se organiza, projeta e colabora-se com a atividade laboral. E a promoção da saúde deve estar permeada em todas as esferas do trabalho, por meio de programas e políticas estruturados e baseados em evidências desenvolvidas e implementadas com a colaboração de empregadores e trabalhadores.
Esta é a opinião da Evelyn Kortum, psicóloga ocupacional e especialista em Saúde e Segurança do Trabalho, que será keynote speaker no 20º Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida (CBQV), que Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV) , promove nos dias 4 e 5 de outubro, em formato híbrido (presencial e on-line), no Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês, em São Paulo, e que terá como tema central “Mundo Híbrido: desafios e oportunidades para o bem-estar dos trabalhadores”.
“Os programas de qualidade de vida para os trabalhadores são muito importantes, pois significa que eles podem passar momentos saudáveis, seguros e satisfatórios no trabalho que, por sua vez, influenciarão em suas outras esferas da vida. Como tudo está relacionado, a importância para as empresas também é múltipla, pois essas práticas afetarão o comprometimento do profissional com seu trabalho e com a organização e, também, na produção e no resultado: menos custo com saúde, menos rotatividade e uma reputação de boa a excelente para a organização”, explica Evelyn, que fará a conferência “Hybrid World: challenges and opportunities for worker wellbeing” (“Mundo Híbrido: desafios e oportunidades para o bem-estar do trabalhador”), na abertura do 20º CBQV.
Sobre o tema que vai abordar no evento, a psicóloga ocupacional suíça adiantou que irá falar do modelo de trabalho tradicional e do modelo de local de trabalho saudável da Organização Mundial da Saúde (OMS), que desenvolveu com seus colaboradores internacionais em 2010, quando atuou como oficial técnica sênior no Programa de Saúde Ocupacional na entidade internacional. Ela também vai analisar alguns dos desafios que os trabalhadores têm vivenciado e que foram acelerados pela pandemia, como
- A digitalização do local de trabalho;
- Os novos conjuntos de habilidades que passaram a ser exigidos; e
- As novas formas de trabalho que tivemos de aprender e adotar.
“E não podemos falar sobre todas essas questões sem discutir o impacto e como prevenir quaisquer resultados adversos à saúde ou outras consequências aos trabalhadores, empresas e sociedade em geral”, ressalta Evelyn.
Sobre os impactos que o trabalho híbrido tem causado aos colaboradores e às organizações, a especialista diz que, para ela, parece haver literalmente uma explosão de um novo campo de pesquisa sobre os efeitos do teletrabalho, do trabalho híbrido e presencial, mas que os estudos ainda são muito jovens recentes e contraditórios, o que pode ser devido à amostra escolhida.
“Por exemplo, em geral, as mulheres pareciam estar muito mais felizes com o fato de trabalhar em casa, mas, novamente, as condições precisavam ser favoráveis, como boa comunicação, apoio dos gerentes, flexibilidade etc. Precisamos ficar atentos ao que sai dos muitos estudos em andamento, mas há algumas tendências definitivas as quais mencionarei em minha palestra”, revela a psicóloga ocupacional.
Desafios
O trabalho híbrido está acontecendo em todos os lugares depois da pandemia. E não há sinal de que as empresas vão voltar ao modelo totalmente presencial, em breve. Porém, como tudo o que é novo, os modelos híbridos de trabalho apresentam o próprio conjunto de desafios.
Para enfrentar e superar os obstáculos do mundo híbrido, segundo Evelyn, é preciso investir em prevenção, acima de tudo. Isso significa que muitos pensamentos e ações precisam entrar no funcionamento do modelo híbrido desde o início e políticas apropriadas precisam ser desenvolvidas e implementadas por trabalhadores e empregadores e em colaboração.
“Os programas de qualidade de vida e promoção da saúde precisam ser constantemente testados, novos riscos identificados e gerenciados, feedback levado a sério e incluído em novas ações, e, a partir disso, promover a melhoria continua dessas práticas. Esta é uma experiência de aprendizagem para todos e uma boa oportunidade de colaboração de todas as partes interessadas para a promoção do bem-estar certa e boa desde o início da experiência”, afirma a especialista.
E os líderes e a alta direção, aponta Evelyn, têm um papel importante e insubstituível na promoção de um ambiente de trabalho saudável e seguro e nos programas de promoção de qualidade de vida.
“Eles precisam mostrar compromisso aberto e apoio à força de trabalho para que esses programas sejam bem-sucedidos e fornecer as autorizações de recursos financeiros necessários para essas ações em uma base contínua para dar-lhes força. Também devem receber e comentar o feedback e os resultados do programa para ficarem por dentro do que está sendo desenvolvido”, destaca a psicóloga ocupacional.
Novas situações
Evelyn aponta que, agora, tanto as lideranças como a alta direção precisam se adaptar às novas situações de trabalho e estar muito mais presentes e disponíveis para as equipes devido à distância física do local de trabalho.
“As equipes necessitam se sentir consultadas para permanecerem parte da empresa, de sua missão e visão. As decisões precisam ser bem explicadas e comunicadas para evitar ambiguidade ou sentimentos de injustiça. Líderes, gestores e diretores têm de continuar a dar o exemplo para as equipes e, ao mesmo tempo, criar percepções de igualdade, divulgando informações de forma transparente para todos”, salienta a especialista.
Evelyn conclui destacando a relevância de debater essas questões em um evento como o 20º CBQV.
“É um excelente fórum para aprender uns com os outros e discutir, bem como conscientizar os líderes sobre a importância de um local e uma força de trabalho saudáveis, e do envolvimento deles no desenvolvimento e na manutenção para que isso aconteça. O ambiente laboral é, de fato, um microcosmos complicado, que afeta todas as outras esferas cósmicas ao seu redor, e precisa ser bem administrado para ser um empreendimento bem-sucedido para todas as partes interessadas”, garante Evelyn.
Conheça a programação do 20º Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida e faça sua inscrição acessando https://abqv.org.br/congresso/. Associações ABQV têm descontos especiais.