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Este ano, o Dia Mundial do Sono – celebrado em conscientização ao tema, organizado pela World Sleep Society – será em 17 de março, e terá como temática “O sono é essencial para a saúde”.
O sono é considerado um dos pilares da saúde física e mental, pois é ele que regula o nosso organismo. É durante o sono que ocorre um processo de “limpeza”, como se fosse uma “faxina” realizada pelo sistema glinfágico (responsável pela eliminação de resíduos no sistema nervoso central), que elimina todas as proteínas e resíduos que possam de alguma forma provocar inflamações em nosso corpo.
A qualidade do sono é importante para:
- a memória e aprendizado;
- redução do estresse;
- melhora do humor;
- evitar doenças, como hipertensão, diabetes e até mesmo o Alzheimer.
“Dormir bem está associado à melhora na produtividade e desempenho, bem como em maior satisfação no trabalho e nos relacionamentos sociais”, afirma a ​psicóloga do Sono Ksdy Sousa, mestre e doutora em Medicina e Biologia do Sono pelo departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e terapeuta cognitiva comportamental com foco em distúrbios do sono.
Ela reforça ser fundamental realizar uma boa higiene do sono, que é um conjunto de estratégias comportamentais que busca mudar hábitos que não estão compatíveis ou estão prejudicando o sono, tais como:
- tomar muito café;
- usar álcool antes de dormir;
- não ter rotina para acordar;
- utilizar aparelhos eletrônicos próximos ao horário de dormir; entre outro.
“Quando não realizamos uma higiene do sono adequada, o sono pode não ser tão reparador e isso, consequentemente, atinge a saúde. Levamos mais tempo para pegar no sono, ficamos mais ansiosos e não dormimos o tempo que gostaríamos, isso leva a piora do humor, prejuízo no funcionamento diurno, como cansaço, fadiga, irritabilidade, ansiedade e depressão”, alerta Ksdy.
Riscos ao trabalhador
Os problemas de sono podem levar a aumento dos acidentes de trânsito e de trabalho, bem como piora da produtividade dos funcionários, aumento do absenteísmo e, por consequência, prejuízos laborais e organizacionais.
O estudo “Trouble sleeping associated with lower work performance and greater healthcare costs: longitudinal data from Kansas state employee wellness program”, publicado pelo Journal of occupational and environmental medicine/American College of Occupational and Environmental Medicine, mostrou que amá qualidade do sono está associada de US$ 3.400 a US$ 5.200 adicionais em gastos por pessoa em cuidados de saúde, e ao aumento da probabilidade de falta de dias parciais de trabalho.
A médica especialista em Saúde do Trabalho, Carolina Junqueira, que atua como gerente de Saúde e Bem-estar da Oracle do Brasil e é membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), destaca que quando não se dorme adequadamente de forma quantitativa e qualitativa há inúmeros prejuízos ao dia a dia do trabalhador, que pode apresentar:
- sonolência diurna;
- alteração direta na concentração e no raciocínio;
- a memória pode ser alterada;
- ter irritabilidade;
- alterações de humor;
- aumento considerável dos níveis de estresse; e
- piora nas doenças já existentes ou surgir outras patologias.
“Com este panorama, a saúde e qualidade de vida do trabalhador se alteram em aspectos laborais e sociais. Relacionamentos pessoais, produtividade, interação social são prejudicados diretamente. Muitas vezes, a percepção desse prejuízo não ocorre de imediato, mas a médio e longo prazos, e pode se tornar um problema grave”, alerta Carolina.
Conscientização
A médica reforça que sempre é importante que as organizações conscientizem seus funcionários sobre os aspectos de saúde e doenças, inclusive sobre a importância do sono para a qualidade de vida e bem-estar do trabalhador.
“O sono interfere diretamente na produtividade de cada indivíduo e na qualidade de vida, por isso, entender o ciclo, ou o relógio biológico de cada trabalhador pode apoiar o funcionário e a empresa em melhores resultados”, aponta Carolina.
E há muitas estratégias que empresas podem e devem fazer para promover a qualidade do sono de seus colaboradores, tais como:
- oferecer programas de orientações à saúde geral, incluindo a saúde do sono;
- buscar, sempre que possível, respeitar o relógio biológico dos funcionários, alocando-os em horários em que geralmente são mais produtivos;
- oferecer espaço de convivência e local para realização de cochilos programados e descansos estratégicos;
- implementar programas de gerenciamento de fadiga e suporte à saúde mental são algumas delas.
A psicóloga Ksdy reitera ser fundamental realizar uma boa higiene do sono para ter qualidade de vida, o que inclui não só mudanças de hábitos noturnos, mas durante o dia também. Para isso, é necessária uma rotina equilibrada com hábitos saudáveis, como:
- exercícios físicos;
- boa alimentação;
- exposição à luz natural; e
- horários regulares de trabalho e sono.
“Os estudos apontam uma média de 8 a 9 horas de sono pode ser o ideal para uma boa saúde. No entanto, essa quantidade de horas pode ser individual, cada pessoa pode ter uma necessidade especifica, e é isso que importa”, ressalta Ksdy
A psicóloga finaliza, alertando que é sempre importante procurar ajuda quando os primeiros sinais de dificuldades para dormir iniciarem, pois, assim, com as estratégias estabelecidas, esse problema não irá avançar.