
Organizações devem adotar a cultura em saúde com programas de qualidade de vida para seus colaboradores
14 de abril de 2022
ABQV promove 5ª Jornada Nacional de Qualidade de Vida para debater soluções em bem-estar nas organizações
20 de abril de 2022Reconhecimento pela OMS da síndrome burnout derivada da atividade profissional trouxe um novo debate sobre saúde mental
A síndrome de burnout é uma resposta aos estressores decorrentes do trabalho e é caracterizada pelo esgotamento emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. Desde 1º de janeiro de 2022, a Classificação Internacional de Doenças (CID 11) incluiu o burnout no capítulo de doenças relacionadas ao trabalho, o que traz grandes desafios e a necessidade de adoção de procedimentos estruturados para avaliação de nexo ocupacional nas organizações.
No webinar “Síndrome de Burnout e Nexo Ocupacional”, promovido pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), em 10 de março, Fatima Cristina Macedo, psicóloga, especialista em Saúde Mental no Trabalho e Psicologia da Saúde Ocupacional e membro do Conselho Deliberativo da entidade; João Silvestre da Silva-Junior, médico do Trabalho e perito médico federal do Ministério do Trabalho e Previdência; e Nadja de Sousa Ferreira, especialista em Medicina do Trabalho, perita médica judicial e federal e diretora científica da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho (ABMT) – apoiadora do evento –, apontaram ser fundamental que as empresas e gestores identifiquem e façam a gestão dos fatores psicossociais do trabalho que podem constituir risco para o adoecimento dos trabalhadores, como, por exemplo:
- Carga excessiva de trabalho;
- Falta de autonomia;
- Dificuldades de comunicação;
- Presença de práticas abusivas;
- Horas extra em excesso
- Assédio moral;
- Metas abusiva e inalcançáveis, entre outros aspectos.
“É preciso trazer um olhar sistêmico e multidisciplinar sobre o tema e apoiar, prevenir, diagnosticar e tratar adequadamente para se ter trabalhadores saudáveis e equilibrados”, apontou Fátima.
Os sintomas da burnout vão desde:
- Cansaço excessivo;
- Crises de ansiedade
- Até depressão profunda, ou seja, extremamente lesivo e incapacitante.
O reconhecimento pela OMS da síndrome derivada diretamente da atividade profissional exercida de maneira excessiva poderá ter um efeito em processos trabalhistas relacionados ao tema, já que a empresa pode ser responsabilizada e até ter de pagar indenização ao colaborador.
“É um tema desafiador para empresários e a área de Recursos Humanos das empresas na gestão do clima organizacional e monitoramento de profissionais, a fim de preservar a saúde mental de seus colaboradores e evitar uma escalada de litígios judiciais trabalhistas, com origem no desencadeamento da síndrome de burnout nos seus funcionário”, explicou Nadja.
Debate jurídico
Silva-Junior ressaltou que havendo o nexo causal entre o ambiente laboral estimulador de práticas lesivas e o diagnóstico positivo do profissional para a síndrome, caberia ao trabalhador lesado indenização por dano moral, conforme mandamento constitucional.
O dimensionamento e a discussão sobre o tema, no âmbito jurídico principalmente, carece ainda de maior aprofundamento, principalmente em relação a questões probatórias e periciais.
“A nova classificação busca definir critérios mais claros para o diagnóstico e enfatizar a responsabilidade de empresas e gestores sobre a saúde física e mental de seus colaboradores, mesmo quando o adoecimento parece ser fruto apenas de características individuais, como a dificuldade para dizer ‘não’, para delegar tarefas ou para pedir ajuda de colegas e superiores”, ressaltou Nadja.
Cabe às empresas e gestores identificar e gerir os fatores psicossociais do trabalho que podem constituir risco para o adoecimento.
Ao conhecer os fatores que podem culminar no adoecimento dos seus colaboradores, cada organização pode atuar nas causas identificadas, de forma prática, para mitigar os riscos.
Segundo Silva-Junior, as empresas não devem considerar a nova classificação como uma forma de punição, mas sim como uma oportunidade para revisão e melhoria contínua de diversos aspectos do contexto organizacional que podem estar afetando negativamente a saúde física e mental dos trabalhadores.
A nova classificação do burnout permite uma maior conscientização e um amadurecimento na discussão sobre saúde mental, na opinião de Fátima.
“Nesta perspectiva, os gestores devem fazer uma análise crítica de suas práticas atuais no que tange à prevenção do adoecimento mental de sua força produtiva. Os esforços devem ser os mesmos dirigidos às práticas de governança e ambiente”, finalizou a psicóloga.
Assista a íntegra do webinar “Síndrome de Burnout e Nexo Ocupacional”, no canal da ABQV no YouTube.





