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A luta feminina por espaço, reconhecimento e igualdade vem sendo intensificada ao longo dos anos. Isso possibilitou avanços significativos em diversas áreas, como a conquista de direitos civis, o acesso à educação, a participação política e oportunidades de trabalho.
No entanto, muitos são os desafios ainda enfrentados pelas mulheres em suas mais diversas áreas de atuação, o que faz com que essa luta seja contínua e necessite de constante atenção.
Contudo, o cenário brasileiro impõe um grande obstáculo ao sexo feminino já no mercado de trabalho. As mulheres ainda enfrentam desafios significativos em relação à inclusão e a equidade no trabalho, apesar dos avanços conquistados. Existem políticas e iniciativas em vigor para promover a igualdade de gênero e aumentar a representatividade feminina em diversos setores da economia. No entanto, disparidades salariais, discriminação e dificuldades de ascensão profissional ainda persistem. A conscientização e ações contínuas são fundamentais para promover uma mudança positiva nessa situação.
“Dessa forma, eu vejo que quando falamos de equidade e inclusão para as mulheres no mercado de trabalho, imagino que as empresas devam considerar o cenário macro da mulher no contexto atual, observando os números e dados históricos e a partir deles, traçar objetivos e metas mensuráveis em todos esses níveis”, aponta a jornalista Anna Freitas, diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).
Desiquilíbrio
Dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a taxa de desemprego entre as mulheres era de 9,2% no quarto trimestre de 2023, ante 6% entre homens, uma diferença de 53,3%.
Quanto ao rendimento médio mensal, o estudo aponta que no quarto trimestre do ano passado, as mulheres recebiam 22,3% menos do que os homens e esse número vai para 35,5% a menos do que eles quando considerado as pessoas com nível superior. Além disso, evidencia que as mulheres que ocupam cargos de liderança, como diretoras e gerentes, recebem 29,5% menos que os homens, e também são a minoria: 28% em funções de alta liderança, com queda de cinco pontos percentuais em comparação a 2022, segundo pesquisa recente desenvolvida pela FIA.
O quadro fica ainda mais grave quando se trata de mulheres negras e pardas, onde as diferenças ficam acentuadas e a desigualdade de gênero integra à racial, refletindo preconceitos e diferenças que ainda persistem no mercado de trabalho brasileiro atual, assim como na sociedade, o que dificulta ainda mais o acesso aos direitos com relação às mulheres brancas.
“É terrível verificar que foram muitos anos de batalhas na busca por melhorias para a qualidade de vida das mulheres, pela retomada de seus direitos básicos e ainda assim a realidade, infelizmente, não é animadora, pois ela não está voltada apenas ao desequilíbrio salarial, mas um desequilíbrio social, que talvez possa ser chamado até mesmo de vital”, alerta.
Obstáculos
Atualmente, vários obstáculos enfrentados pelo sexo femininos ainda impedem uma relação igualitária de gênero no que se refere ao trabalho e até mesmo na busca a pela qualidade de vida. Entre eles estão:
- Viés de gênero e discriminação.
- Cultura organizacional inadequada.
- Dificuldade cultural em aceitar que mulheres possam comandar e liderar.
- Falta de políticas de igualdade de gênero.
- Falta de suporte à maternidade.
As empresas podem ajudar a superar esses desafios e mudar essa realidade, implementando medidas como:
- promoção de uma cultura inclusiva;
- implementar políticas de igualdade de gênero;
- oferecer suporte à maternidade e paternidade;
- estabelecer metas e métricas de diversidade; e
- trabalhar fortemente a educação e sensibilização da população corporativa, com ações e robusta comunicação, não somente dirigidas às mulheres, mas também aos homens e demais gêneros da instituição, para que os desafios possam ser elucidados e transformados por meio de cada ser humano.
Estratégias
Segunda Anna, a cultura e as políticas de equidade e igualdade salarial podem ser estratégias eficazes para promover a saúde dos funcionários nas organizações de várias maneiras. Desde a redução do estresse, ações para melhoria do bem-estar mental, maior engajamento e produtividade, com a valorização dos funcionários, até a melhoria da qualidade de vida, como flexibilidade no trabalho, que pode ajudar o trabalhador a equilibrar suas responsabilidades pessoais e profissionais.
“Portanto, essas ações são benéficas para os funcionários individualmente, mas também podem contribuir para uma força de trabalho mais saudável e produtiva na totalidade”, garante a diretora.
Opinião reiterada pela especialista em Responsabilidade Social Empresarial da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Karen Pegorari, que acredita que as empresas precisam enxergar a equidade de gênero como fator competitivo e pauta estratégica de negócio, mesmo porque o tema faz parte da dimensão social do ESG (Environmental, Social, Governance) e é requisito de desempenho importante para investidores.
“Precisam também promover uma cultura de respeito e apoio por meio de uma cultura organizacional que valorize e respeite todos os funcionários, independentemente do gênero, criando um ambiente de trabalho saudável e produtivo para todos”, afirma.
Violência
Como se não bastasse esse triste cenário em termos ocupacionais, ainda há a violência de gênero, uma das mais graves consequências dessa desigualdade. Neste quesito, o Brasil ocupa a quinta posição entre os países com maior número de mulheres assassinadas no mundo e aqui também a representatividade de mulheres negras (cerca de 62%) reforça o triste cenário e o quanto ainda temos a avançar.
A violência e o assédio sexual, segundo Karen, exclui milhares de mulheres do mercado de trabalho a cada dia e impacta as empresas de diversas formas.
“Isso porque, funcionárias que são vítimas de violência podem enfrentar dificuldades para se concentrar no trabalho, lidar com o estresse emocional e cumprir suas responsabilidades, baixando sua produtividade; podem faltar ao trabalho com mais frequência devido a lesões físicas, problemas de saúde mental, comparecimento a audiências judiciais; pode levar as vítimas a deixarem seus empregos em busca de segurança ou para lidar com as consequências físicas, emocionais ou legais da violência, resultando em turnover e custos associados à contratação e treinamento de novos funcionários”, pontuou.
Neste sentido, a especialista afirma que as organizações têm um importante papel como agentes de transformação, tanto no enfrentamento a violência contra as mulheres, quanto na promoção de acesso a direitos humanos fundamentais.
“Portanto, prevenir a violência contra a mulher no local de trabalho, tanto para proteger suas funcionárias quanto para garantir um ambiente de trabalho seguro, saudável e produtivo é essencial”, conclui Karen.