Programas de qualidade de vida contribuem para a construção de um ambiente corporativo mais seguro
Garantir a segurança dos colaboradores é uma questão crucial para as organizações. A adoção de medidas de segurança ajuda a reduzir os riscos à integridade física e psicológica de cada membro da equipe, o que traz uma série de benefícios não só para o trabalhador, mas também para a empresa como um todo.
Os programas de saúde e segurança do trabalho podem ajudar no aumento da motivação do time, na diminuição do número de acidentes e, inclusive, na elevação das receitas do negócio. Além disso, os resultados podem ser potencializados e impactarem, de forma positiva, tanto a vida profissional quanto a saúde e o bem-estar fora dos colaboradores fora da empresa.
O médico especialista em Medicina do Trabalho, Geriatria e Gestão de Serviços de Saúde, Leonardo Piovesan Mendonça, que atua como gerente de Saúde Populacional do Hospital Alemão Oswaldo Cruz-SP e é membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), no mês em que é celebrado o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (27/7), explica que o Brasil é signatário das normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que fornecem a base para implementação de sistemas de segurança e saúde ocupacional sólidos, eficazes e sustentáveis em diferentes níveis.
Como o Brasil é um país de dimensões continentais onde coexistem diversos tipos de organizações, o trabalho formal e informal, a complexidade das fiscalizações e diversos processos de trabalho, para Mendonça, ainda há um longo caminho a ser percorrido e esforço por parte do governo, empresas e trabalhadores, para que na prática os sistemas previstos pela normais internacionais sejam de fato implementados.
“O cenário brasileiro não é nada favorável, e é necessário a junção de esforços dos mais diversos entes e da sociedade para a redução sustentável de acidentes, doenças ocupacionais e a legítima promoção de ambientes laborais mais seguros e saudáveis”, ressalta o médico.
Dados da OIT, atualizados pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho brasileiro, desenvolvido e mantido pelo Ministério Público do Trabalho em cooperação com a OIT, mostram que nos últimos dez anos (2012-2021)
“Os desafios são enormes. Entre os países do G20, o Brasil ocupa a segunda colocação em mortalidade no trabalho, apenas atrás do México, com oito óbitos a cada 100 mil vínculos de emprego entre 2002 e 2020. Os dados mostram o grande vácuo a ser aprimorado e evoluído no que tange a prevenção dos acidentes e reversão da incômoda posição que ocupamos”, alerta Mendonça.
Na opinião do especialista, as empresas devem investir principalmente na prevenção. Prevenir através de:
Impactos na qualidade de vida
A abordagem da segurança, saúde e qualidade de vida tem se mostrado cada vez mais emergente e de grande importância na atualidade coorporativa. Muitos administradores já perceberam que melhorar a qualidade de vida e a segurança de seus colaboradores torna a organização mais saudável e competitiva.
Mendonça explica que os impactos da segurança do trabalho reverberam em pilares físicos, econômicos, sociais, psíquicos e laborais para todo o ecossistema da qualidade de vida.
“O trabalho executado em um ambiente inseguro pode implicar em consequências que impactarão direta ou indiretamente na qualidade de vida dos trabalhadores. As consequências vão desde:
E é aí que se revela a importância dos programas de qualidade de vida, que podem contribuir principalmente na educação e no estímulo para que os trabalhadores adotem um estilo de vida mais saudável, oferecendo ferramentas para o autocuidado e soluções que engajem a adoção de hábitos promotores de uma vida mais plena e saudável. Também podem contribuir para a construção de um ambiente corporativo mais seguro e salubre, apoiando as ações voltadas à segurança do trabalho e à saúde ocupacional.
Um dos pilares dos programas de qualidade de vida, segundo Mendonça, é a promoção a saúde e bem-estar. Essas ações devem considerar os determinantes sociais da saúde e de que maneira esses causam impacto na qualidade de vida da população. Os determinantes sociais são fatores
Algumas iniciativas, como o Total Worker Health (TWH), do Centers of Disease Control and Prevention (CDC), baseia-se por meio do reconhecimento de que o trabalho é um determinante social da saúde.
“Fatores relacionados ao trabalho, como salários, horas de trabalho, carga de trabalho, interações com colegas de trabalho e supervisores e acesso à licença remunerada, afetam o bem-estar dos trabalhadores, suas famílias e suas comunidades. Este reconhecimento é de suma importância para que as ações organizacionais e programas de promoção a saúde atuem sobre o trabalho e suas vertentes”, garante Mendonça.
Ele finaliza destacando que a segurança do trabalhador envolve uma série de compromissos: