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Em 20 de março é comemorado o Dia Internacional da Felicidade, data instituída em 2013 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reconhecer a importância desse estado de espírito na vida das pessoas. O tema se tornou relevante no mundo corporativo, pois enquanto seres humanos, não podemos dissociar a vida pessoal e profissional e, como tal, o trabalho é uma das mais importantes áreas da vida e com uma dimensão de maior relevância para a felicidade.
A médica do Trabalho, especialista em Gestão de Saúde e de Promoção de Saúde e Qualidade de Vida, certificada internacional como Chief Happiness Officer (CHO) e facilitadora em Felicidade Interna Bruta (FIB), Karla Kurtz, conta que tem se deparado com o aumento da necessidade de empresas se aprimorarem nesse sentido, pois a felicidade é um desejo legítimo e essencial humano.
Karla, que também é diretora de Educação e Conhecimento da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), explica que quando se fala de felicidade no trabalho está se referindo à cultura como alicerce, ou seja, ao conjunto de crenças e valores inclusos em uma cultura de humanização aplicada diariamente nas organizações por meio de práticas, ancoradas na estratégia das empresas, que tragam as pessoas para o centro da atenção e preservem os aspectos das dimensões da vida pessoal, social e profissional do trabalhador, por meio de políticas de gestão de pessoas e promoção da saúde competentes, que considerem o ser humano de forma integral.
“Estamos tratando aqui de promover a felicidade e o bem-estar de quem trabalha como estratégia das organizações, pois tal prática traz inúmeros benefícios tanto aos trabalhadores quanto às empresas. Pessoas mais felizes tendem a ter uma vida mais significativa e satisfatória, uma vez que encontram no trabalho uma das fontes de prazer e realização”, esclarece Karla.
Diversas pesquisas comprovam que trabalhadores mais felizes são mais produtivos e trazem mais resultados às empresas, entretanto, o grande ganho que as companhias podem ter na implantação de uma cultura de felicidade no trabalho é, segundo a especialista, a sustentabilidade dos resultados crescentes e consistentes dos seus negócios, aliados aos impactos positivos na sua imagem e reputação.
Visão estratégica
Mas como promover a cultura da felicidade nas organizações?
A promoção da felicidade de quem trabalha prevê uma visão sistêmica e estratégica. A diretora da ABQV explica que existem modelos validados que permitem torná-la real nas empresas de forma prática. Um deles é o Ecossistema Chief Happiness Officer (CHO) Feliciência, que traz o compromisso com a ética e a sustentabilidade humana como pontos essenciais para as organizações.
“Nesse modelo, a disseminação da felicidade está alicerçada num propósito que traga impacto positivo para além de empregos e lucro, e que constitua a cultura da organização de forma que sustente a sua realização por meio de valores alinhados. Não é possível constituir condições favoráveis para a felicidade quando há dissonância de valores”, aponta a médica do Trabalho.
Outro aspecto fundamental é o envolvimento da liderança nesse processo, pois se trata de uma transformação cultural que visa trazer a felicidade para o centro de todas as estratégias da organização, constituindo a tríade:
- propósito;
- cultura; e
- liderança, que são fundamentais para oferecer as condições favoráveis à felicidade de quem trabalha.
No Brasil, há organizações que buscam implantar programas voltados à promoção da cultura da felicidade. O tema nunca esteve tão atual, principalmente quando se reconhece a importância da promoção da felicidade e do bem-estar na saúde mental dos trabalhadores, aliada à necessidade dos negócios e do cumprimento de uma agenda voltada aos critérios ESG (práticas ambientais, sociais e de governança).
“Atualmente um dos principais desafios para as empresas envolve o enfrentamento à escalada de transtornos mentais e comportamentais, que impactam diretamente nos índices de presenteísmo e absenteísmo e, consequentemente, nos resultados dos negócios”, salienta Karla.
Impactos
Os impactos da promoção da felicidade de quem trabalha são extremamente positivos para os trabalhadores, para as organizações e para a sociedade.
E quanto custa não investir em felicidade no trabalho?
Nos EUA, o prejuízo relacionado ao estresse no ambiente laboral está em US$ 300 bilhões/ano. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 15% dos trabalhadores do mundo possuem algum tipo de transtorno mental, o que leva a 12 bilhões de dias de trabalho perdidos anualmente, com um custo total para a economia global equivalente a US$ 1 trilhão. O Brasil ocupa o ranking mundial de transtornos de ansiedade, com 9,3% da população acometida. A depressão é a segunda causa de pagamento de auxílio-doença, perdendo somente para os acidentes de trabalho.
“Olhando para este cenário, fica explícita a necessidade de atuação das organizações em promover ambientes favoráveis à felicidade no trabalho, cujo conceito expresso pela Woohoo Partners Happiness at Work traduz-se na experiência de emoções positivas frequentes e emoções negativas raras ao longo do dia. Ou, simplesmente, como a pessoa se sente em relação ao seu trabalho, em vez do que se pensa sobre ele. O importante aqui é a frequência das emoções, e não a intensidade dela”, esclarece a diretora da ABQV.
Há, inclusive, metodologia validada no Brasil para implantação de programas promotores de felicidade nas organizações. Uma delas é a desenvolvida pelo Instituto Feliciência, como representante da Woohoo Partners Happiness at Work, conhecida como Canvas CHO Diamante.
Também há várias métricas para avaliação permanente e periódica das ações de promoção da felicidade no trabalha, dentre elas destacam-se algumas escalas, como:
- Escala de Engajamento de Utrecht;
- Escala de Satisfação com o Trabalho;
- SRQ 20;
- Felicidade Interna Bruta no Trabalho (FIB -T), entre outras que podem ser utilizadas conforme as necessidades específicas de cada organização.
Papel das lideranças
O alinhamento da alta administração e da liderança no processo de transformação cultural para a promoção da felicidade de quem trabalha é fundamental. E por ser um compromisso estratégico da organização, cabe aos líderes os desdobramentos dos valores alicerçados no propósito para os demais níveis.
Diante desse fato, Karla afirma ser urgente capacitar continuamente as lideranças para uma nova forma de atuação:
- mais humanizada;
- voltada ao diálogo e aos relacionamentos;
- e como agentes de transformação.
“Como parte integrante do programa, a educação em habilidades para a felicidade, conhecidas como Happiness Skills, deve abranger os trabalhadores em geral, inclusive os líderes e a alta direção, como parte do seu desenvolvimento socioemocional”, destaca a diretora da ABQV.
Curso Programas de Felicidade no Trabalho
Como a temática de felicidade está cada vez mais presente no ambiente corporativo, a ABQV não poderia ficar de fora e vai realizar no dia 23 de março, das 14h às 18h o curso on-line “Programas de Felicidade no Trabalho – Como implantar”.
Destinado a todos que estruturam e gerenciam iniciativas em promoção do bem-estar e felicidade nas organizações por meio de utilização de metodologia científica aplicada, o treinamento terá 4 h de duração, e pretende condensar conceitos essenciais para a implementação dos programas de promoção de qualidade de vida e felicidade nas empresas, baseado em um modelo lógico e científico inspirado na metodologia CHO e Felicidade Interna Bruta (FIB).
Karla estará à frente do curso, que será transmitido pelo Teams da ABQV em tempo real.
“Nosso objetivo com a realização do curso é promover um treinamento que capacite os alunos estruturarem e gerenciam iniciativas em promoção do bem-estar e felicidade nas organizações por meio de utilização de metodologia científica aplicada”, explica.
A inscrição para o curso pode ser feita no site da ABQV. Para associados ABQV, a inscrição é gratuita. Não associados terão o custo de R$ 220.