Depressão no trabalho: como identificar os sintomas e como lidar
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Funcionários podendo usufruir de seus maiores ativos: tempo e autonomia. Esse é um dos principais benefícios da promoção à saúde e da qualidade de vida. Para as empresas, possuir ambientes saudáveis que geram maior produtividade, engajamento e resultam em ganhos financeiros e sociais. Entretanto, de acordo com a médica coordenadora do Trabalho no Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, Debora Yumi Lopes Fukino, o cenário atual da promoção de saúde e do bem-estar nos locais de trabalho no mundo vive um contexto paradoxal.
Enquanto por um lado se percebe que em algumas instituições há um exagero em ofertar ações de atratividade, que se confundem com promoção à saúde (piscina de bolinhas, videogames) e, por outro lado, não se oferece o mínimo de segurança psicológica, organizacional e física. De acordo com a gestora, dentro das organizações brasileiras se repetem as mesmas ações. Todavia, há como fator protetor a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e as normas regulamentadoras.
Esses fatores que se inserem em adventos de obrigatoriedade, como a CIPA/SIPAT, para abordar temas relevantes, tal qual assédio, doenças graves (HIV, IST) e atuações de impacto, são considerados mais efetivos que as campanhas pontuais, como Setembro Amarelo e Outubro Rosa.
“Os meses coloridos são considerados insuficientes por não apresentar perenidade. Porém, percebemos organizações com modelos bem instituídos de qualidade de vida celebrando a saúde integral, que supera a atenção primária e se propaga para hábitos familiares e até mesmo comunitários”, sentencia Debora.
No entanto, esses modelos abrangem apenas 39% dos trabalhadores brasileiros que possuem carteira assinada, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ações que envolvam ganhos sociais e revertam para o ESG (boas práticas ambientas, sociais e de governança), com a participação ativa dos colaboradores, empresa e gestores se provam como o melhor modelo de negócio.
Inovações para programas de qualidade de vida
Ainda que passada a pandemia de Covid-19 e adotados novos modelos de trabalho como o home office, o híbrido e o flexível, além de eventuais adoções de semanas com menos dias de trabalho, o uso desses formatos deverá ser modulado conforme a maturidade dos usuários.
“Estabelecer flexibilidade para indivíduos é emancipar a gestão do ativo mais importante no mundo moderno: o tempo”, esclarece Debora.
Ela lembra ainda que grande parte do adoecimento do trabalhador está na ausência do manejo do “workbalance”. Um equilíbrio da organização do trabalho, com pitadas de flexibilidade, provaram ser excelente adjuvante à saúde mental, menor exposição ao trânsito/poluição, maior oportunidade de práticas de atividade física e companhia dos familiares.
“Não haverá empresa sustentável sem ações de saúde, principalmente no tocante a doenças subjetivas, como a saúde mental, que o diagnóstico é clínico e dinâmico”, prevê Debora, ao afirmar que não existe medicação que garanta cura imediata e que será necessário mobilizar as organizações para prevenção, tratamento, reabilitação e reinserção do colaborador, para alcançar a manutenção dos ativos primordiais: capital intelectual e financeiro.
Promoção de saúde
Durante o 21º Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida, Debora participará da mesa-redonda “Avaliação de Resultados em Promoção de Saúde e Qualidade de Vida nas Organizações”, na tarde do primeiro dia do evento, promovido pela Associação Brasileira de Qualidade (ABQV), nos dias 19 e 20 de setembro, no Instituo de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês. A proposta é mensurar o valor dos programas para fomentar e criar ações e assim garantir o reconhecimento e a perenidade salutar dos projetos.
“Participar do Congresso consiste em aprimoramento de temas cada vez mais transformadores e necessários, com trocas genuínas e ética, que contribuem para uma sociedade acadêmica, corporativa e laboral cada vez mais inovadora e valorosa”, acredita.