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A pandemia do novo coronavírus tem impactado diretamente a economia global, gerando grandes mudanças sociais. No meio de uma crise, como a vivida atualmente, padrões de comportamento e hábitos que antes pareciam tão fixados na nossa rotina tendem a sofrer transformações – desde a adoção do trabalho remoto até as relações pessoais, agora virtuais. O momento atual está sendo um grande catalisador do futuro e a tecnologia se encontra na linha de frente para esse novo cenário.
Esta é a visão da nutricionista Bruna Pinheiro Siqueira, diretora de Operações da plataforma digital de saúde “JáMudei”, que participou do webinar especial Como podemos promover a qualidade de vida em tempos de coronavírus, promovido pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), no dia 6 de maio, que tratou do tema “O corpo em equilíbrio: a ergonomia e ações digitais de saúde em casa”. “Trabalhar remotamente com certeza é um desafio. Entrar de cabeça na nova rotina pode deixar tudo confuso, afetar a produtividade e até mesmo a saúde. Mas com o auxílio da tecnologia, hoje mais acessível, medidas simples podem tornar o home office organizado e prazeroso”, afirma.
Pesquisa recente da empresa Hibou e da plataforma de dados Indico, com 2.400 entrevistados em todo o país, revela que 59,9% dos brasileiros está trabalhando em home office no momento, dos quais 41,6% estão usando ferramentas de videoconferência para isso. O que não quer dizer que a carga de atividades diminuiu – muito pelo contrário. Entre os entrevistados, 25,2% relataram estar trabalhando mais de casa do que antes.
Mas é melhor se adaptar à nova realidade, já que o que era para ser uma medida emergencial adotada para resistir à crise e ajudar na contenção da Covid-19, parece que veio para ficar. Segundo o estudo “Tendências de Marketing e Tecnologia 2020: Humanidade redefinida e os novos negócios”, desenvolvida por André Miceli, coordenador do MBA em Marketing e Inteligência de Negócios Digitais da Fundação Getulio Vargas (FGV), o trabalho remoto deve crescer 30% no Brasil após a pandemia. A sugestão do especialistas é que as empresas devem revisar seus processos internos, pensarem, testarem e compreenderem que a tecnologia é, cada vez mais, um ativo em benefício do colaborador.
Bruna concorda com o argumento e constata: trabalhar remotamente é um desafio. “É preciso saber organizar a vida e ligar o botão do cérebro de que estar em casa não é sinônimo apenas de descanso. Também não se pode só pensar em trabalho o tempo inteiro e não conseguir descansar. É muito complicado, porém, com algumas dicas, essa rotina pode se tornar menos estressante”, alerta.
A nutricionista sugere que os gestores e líderes tenham uma postura proativa com seus colaboradores, esclarecendo a situação da empresa, estabelecendo as metas e objetivos, sem hiper demandar a equipe e entender as necessidades dos colaboradores. “Para isso, é preciso transparência para gerar o engajamento de todos, o que está relacionado às necessidades de cada colaborador”, explica.
Uma das maneiras de se obter essas informações é fazer um mapeamento com cada funcionário para conhecer seu hábitos e dificuldades, por meio de ferramentas digitais. Bruna sugere usar questionários on-line para saber o nível de informação sobre o novo coronavírus, a percepção sobre a pandemia, como está o colaborador no trabalho remoto, sua saúde, os hábitos alimentares e atividade física neste período e a percepção sobre o estado emocional deles. “Entendendo as necessidades dos colaboradores é possível ter mais ações assertivas, resolver os problemas e dar feedback. Isso gera comprometimento, algo que todo líder e gestor espera de sua equipe”, afirma.
E aqui, mais uma vez, a tecnologia é uma aliada. Há inúmeros aplicativos, de fácil acesso, que podem ser usados para ofertar dicas de saúde, de qualidade de vida e bem-estar físico e mental; promover o teleatendimento de serviços de saúde com médicos, psicólogos, terapeutas, fisioterapeutas e nutricionistas; grupos para discussão de problemas em comum; canal de comunicação exclusivo, como blogs e comunidades onde se pode falar sobre o que se gosta, como livros, filmes, séries e músicas; e até cursos on-line. “Oferecer conteúdo que amplie o conhecimento e promova a evolução e o aprendizado do colaborador é importante para que ele fique bem, permaneça engajado e dê bons resultados”, destaca a nutricionista.
Manter a produtividade é outro desafio do home office, para a especialista. Considerando que em casa as pessoas estão mais suscetíveis a distrações, algumas atitudes como planejar as atividades do dia com antecedência e equilibrar o tempo de trabalho com o de descanso já ajudam a fazer o dia render.
Mais uma vez a tecnologia é uma aliada. A dica é utilizar aplicativos que possam ajudar o funcionário a permanecer focado. Seja ouvindo música para se concentrar ou até mesmo acalmar, ou para auxiliar a monitorar os períodos de maior foco. Há ferramentas para criar listas de tarefas e lembretes, outras que controlam o tempo que se gasta em determinados sites e há ainda as que criam temporizadores para cada tarefa, o que é uma ótima maneira de manter a concentração. “A transformação digital começa pela transformação de mentes. A pandemia é uma fase e vai passar, mas as transformações ocorridas tendem a permanecer. As regras que foram seguidas nos últimos anos podem não ser adequadas para os próximos e é preciso ficar de olho nisso. Afinal, a mudança está acontecendo neste momento e é preciso fazer o melhor possível”, ressalta Bruna Pinheiro.
Mais estrutura mais produtividade
Ambiente organizado e devidamente equipado no home office também é sinônimo de produtividade. Investir em um espaço que seja adequado para o trabalho e com uma estrutura propícia é importante para evitar perder o foco e manter a saúde e a qualidade de vida. Pensar no tamanho da mesa, espaço para objetos e detalhes como boa iluminação, ventilação e barulho fazem toda a diferença no dia a dia.
Esta é a orientação do fisioterapeuta João Barbosa Neto, gestor de Pessoas e Operações da Elevalife, que também participou do webinar promovido pela ABQV no dia 6 de maio, que foi coordenado pelo diretor de Expansão e Mercado da Associação, Jean Felippe Kalil Makdissi.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 40% das dores lombares resultam em problemas mais sérios, causando incapacidade funcional e diminuição da produtividade. Por isso, é importante a relação com o mobiliário utilizado no trabalho remoto. “Alguns cuidados com a escolha de uma cadeira confortável, almofadada e com encosto; mesa que proporcione encaixe adequado dos membros inferiores; manter a borda superior do computador ao nível do olhos; utilizar mouse e teclados externos, assim como fones de ouvidos são fundamentais para diminuir os efeitos físicos e mentais do home office”, explica Barbosa Neto.
A organização também é importante para o planejamento das atividades e um bom resultado. Para tanto, o fisioterapeuta orienta uma lista de tarefas e metas a serem alcançadas para ajudar na motivação. Além disso, deve-se estabelecer horário da jornada de trabalho, a disponibilidade para a realização das atividades e as pausas. “Estudos mostram que são mais produtivos os que trabalham 52 minutos e descansam 17 minutos. Levante, ande, tome um café ou uma água. Programar pausas são fundamentais para a capacidade cognitiva. É uma época complicada e a ansiedade pode bater na porta. Para se manter produtivo também é importante cuidar da saúde mental”, alerta.
Para o fisioterapeuta, as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) podem ajudar e muito na mudança no modelo de trabalho e na forma como nos comunicamos e utilizamos as informações. As ferramentais e plataformas digitais permitem que o trabalho remoto seja realiza, viabilizam as mais diferentes funções e atividades, em qualquer momento e conectam as pessoas – colegas de trabalho, familiares e amigos. Por isso, quem investe em inovação sai na frente. “As empresas ganham muito mais com soluções criativas. No início, pode ser mais difícil visualizar isso, mas o impacto ficará mais perceptível em longo prazo”, acredita.
João Barbosa Neto ainda lembra que a clareza das informações e a busca por adequação nos diferentes aspectos são essenciais para a realização das atividades por tornar os processos mais agradáveis, com melhores resultados, sustentabilidade e qualidade de vida. “Dessa pandemia, tiraremos muitas lições, incluindo ter gente preparada para trabalhar de qualquer lugar. As empresas são as pessoas e, hoje, vemos que o comprometimento delas, trabalhando remotamente, é o que está mantendo o funcionamento de instituições mundo afora.”