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Com o objetivo de definir estratégias de atuação para 2020 e como implementar as medidas definidas nos encontros anteriores, foi realizada na manhã do dia 5 de maio, a primeira reunião do ano da Coalizão Osteoporose Brasil, formada por gestores das áreas de saúde pública e privada e representantes de sociedades médicas e de pacientes, da qual faz parte a Associação Brasileira de Qualidade Vida (ABQV).
No encontro virtual, que foi coordenado por Alberto Ogata, diretor da ABQV, o grupo definiu que produzirá um material educativo com informações e orientações objetivas sobre osteoporose para médicos, demais profissionais de saúde e gestores dos setores públicos e privado, algo inédito no Brasil.
A decisão pela publicação veio após a participação de membros do grupo em um evento internacional na Colômbia, em agosto de 2019, e uma audiência pública ordinária da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa na Câmara dos Deputados, em outubro passado, em que foi constatado que é preciso tornar a osteoporose uma prioridade nacional em saúde. “Vimos que faltam recursos para o tratamento e prevenção da doença; padronização nos diagnósticos; que é preciso melhorar a linha de cuidados para ter tratamentos mais efetivos; identificar a enfermidade na atenção primária; e que a terapêutica ao paciente de alto risco tem de ser imediata. A partir daí propomos ações para aumentar a discussão e sensibilização sobre a doença”, explicou Ogata.
O foco é contribuir para a formulação tanto de políticas como linhas de cuidado baseadas em evidências científicas. “As ações para serem efetivas tem de passar pela conscientização sobre o que é a doença e levar isso às secretarias municipais de saúde para que seja implementada um política pública de enfretamento à osteoporose”, comentou Ben Hur Albergaria, presidente da Comissão Nacional de Osteoporose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), que lembrou o impacto da enfermidade para a sociedade. “Essa é uma doença frequente e grave. A cada três segundos uma fratura por osteoporose acontece em algum lugar do mundo. Para cada mil brasileiros com mais de 50 anos, oito irão apresentar fratura por osteoporose.”
A decisão da Coalizão Osteoporose Brasil foi então atuar em três frentes: educação, com a criação da cartilha como um guia colaborativo para auxiliar na tomada de decisões sobre a doença; tratamento, com a atualização do protocolo clínico e diretrizes terapêuticas (PCDT) de osteoporose do Ministérios da Saúde; e prevenção de fratura secundária, com caminhos para ganhar escala, trazer impacto ao sistema de saúde público e privado e evitar que milhões de pacientes fiquem à mercê de graves riscos de sofrer novas quebras.
“A osteoporose leva à fragilidade óssea e a um risco de aumento de fraturas. Tanto a prevenção primária como a secundária são fundamentais para a eficácia do tratamento, só assim conseguiremos reduzir este índice e ajudar as pessoas a terem melhor qualidade de vida. Com o FLS – Fracture Liaison Service, protocolo internacional que trabalha a prevenção da segunda fratura, podemos estreitar essa lacuna e tornar a prevenção secundária de fraturas uma realidade”, destacou o ortopedista Luiz Fernando Tikle Vieira.
Mais ações efetivas
Buscar a aproximação com o Internacional Osteoporosis Fundation (IOF) para obter o apoio em suas ações foi mais um passo dado pelo grupo. A ginecologista Adriana Orcesi Pedro, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que é membro na regional da América Latina da entidade, informou que a fundação está interessada em auxiliar as iniciativas da Coalizão da Osteoporose. “A longevidade saudável é um assunto prioritário e para a IOF é importante ações que visem a formulação tanto de políticas como de linhas de cuidado baseadas em evidências científicas, para melhorar o diagnóstico e o tratamento da doença no país”, destacou a médica.
Para ter efetividade nas resoluções propostas, o grupo decidiu que é fundamental obter apoio político. Para Alberto Ogata, a audiência púbica realizada no ano passado foi um passo importante para a união dos setores da sociedade, “mas é preciso avançar para tornar a osteoporose uma prioridade nacional”.
A ideia da Coalização Osteoporose Brasil é fazer um trabalho contínuo junto ao Legislativo assim como com as diferentes áreas do Ministério da Saúde envolvidas com o tema.
O grupo também pretende buscar apoio junto ao Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) para levar as ações para os demais stakeholders e ampliar o plano de ação.
A proposta é a realização de um concurso entre os municípios brasileiros para apresentar as melhores práticas de diagnósticos e tratamento na prevenção da doença. “Com isso, teremos cases de sucesso que irão derivar em uma atualização do plano de cuidado terapêutico”, ressaltou Ogata.
Por comprometer a capacidade produtiva e a autonomia, a osteoporose traz impactos para o sistema de saúde, que inclui custos hospitalares, com medicamentos e reabilitação do paciente, além de maior mortalidade. Por isso, o grupo vai avaliar a possiblidade de realizar debates com os gestores públicos e privados para apresentar esses dados que trazem tanto gastos ao setor. “Os custos assistenciais com o tratamentos da osteoporose, fraturas e refraturas em decorrência da doença muitas vezes chegam a equiparar com o tratamento de alguns tumores. Apresentar essas informações irá sensibilizar os responsáveis pelo sistema de saúde”, justificou Ramiro Hernandez, de Ribeirão Preto.
Ao fim do primeiro encontro do ano da Coalizão de Osteoporose foram definidos os grupos que irão ser responsáveis pelo conteúdo da cartilha, pela atualização do PCDT e por discutir os caminhos para a prevenção de fraturas secundárias. O grupo que irá coordenar os trabalhos da publicação vai se reunir virtualmente nos próximos 30 dias para definir os tópicos a serem explorados, a divisão dos capítulos e os prazos de entrega do conteúdo