
Entenda o que é e quais os benefícios da estratégia de feedforward
12 de agosto de 2025Cada vez mais profissionais, especialmente das gerações mais jovens, estão buscando maneiras alternativas de atuar no mercado, que vão além do tradicional modelo de emprego fixo e exclusivo em uma única empresa. Essa nova dinâmica vem sendo chamada de polywork.
Mas o que exatamente é o polywork? Quais são os motivos que levam as pessoas a adotarem esse modelo? E, principalmente, como essa tendência impacta a qualidade de vida no trabalho, especialmente para quem atua na gestão de pessoas? Acompanhe este texto para entender melhor tudo isso na prática.
A definição do que é o polywork
O polywork é uma abordagem profissional que significa, basicamente, “trabalhar em múltiplos papéis” ao mesmo tempo.
Diferentemente do tradicional modelo em que a pessoa tem um emprego fixo, concentrado em uma única função ou empresa, o polywork permite que o profissional combine diferentes trabalhos, projetos, papéis e até carreiras simultaneamente.
Ou seja, uma pessoa pode ser analista ou consultora com horários fixos em um espaço, enquanto se dedica a atividades paralelas em diferentes momentos, sem renunciar ao primeiro posto.
Os motivos por trás dessa escolha e o que ela tem a ver com a geração Z
Os números sobre essa tendência ainda são esparsos e nem sempre é possível apontar um padrão claro.
No entanto, dados da Hostinger em um levantamento de 2024 mostram que, entre os brasileiros que mantêm mais de um emprego, 43% possuem graduação completa, 27% são pós-graduados e 22% têm ensino médio completo.
Além disso, entre as motivações para isso estão a busca por reforçar a segurança financeira (31%), complementar os ganhos (26%) ou alcançar um sonho pessoal (25%).
Independentemente desses números, o movimento do polywork vem ganhando muita força, impulsionado pelos valores da geração Z. Os nascidos entre meados dos anos 90 e o começo da década de 2010 valorizam mais a autonomia, a diversidade e o propósito no trabalho.
Por consequência, outros motivos que levam esses profissionais que estão entrando no mercado de trabalho a adotarem o polywork são:
- busca por flexibilidade, em que o profissional consegue montar uma agenda mais autônoma e equilibrada, conciliando interesses pessoais e profissionais;
- desejo de diversificação, que permite que o indivíduo experimente novas habilidades, conecte-se com pessoas diversas e construa uma carreira mais rica em experiências;
- valorização do propósito, para que o trabalho não seja apenas fonte de renda, mas também um meio de desenvolvimento alinhado com valores pessoais;
- insatisfação com os modelos tradicionais, com jornadas engessadas e hierarquias rígidas, motivando a busca por alternativas que se adaptem melhor ao estilo de vida.
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Como o polywork interfere na qualidade de vida
O polywork tem o potencial de fomentar a autonomia e a satisfação com as atividades desenvolvidas, mas pode interferir na qualidade de vida. É importante sempre considerar que a gestão de múltiplas responsabilidades pode resultar em sobrecarga e dificuldade para estabelecer limites entre trabalho e vida pessoal.
Não raramente, quem trabalha em mais de um posto enfrenta jornadas de trabalho estendidas, especialmente durante o período de estabelecimento de suas diferentes vertentes de atuação.
A instabilidade de renda pode ser outro fator estressante, especialmente para atividades que dependem de projetos ou sazonalidade. Isso requer maior disciplina financeira e planejamento por parte dos profissionais.
No longo prazo, tudo isso pode gerar prejuízos à saúde e ao bem-estar, inclusive do ponto de vista psíquico. Tal comprometimento pode se manifestar na forma de depressão, ansiedade ou mesmo da síndrome de burnout, que é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um fenômeno ocupacional (ou seja, causado pelo trabalho).
Nesse contexto, a atuação dos profissionais de RH é fundamental para implementar políticas e práticas que auxiliem na gestão do tempo, no equilíbrio entre vida pessoal e profissional e na saúde mental.
Desafios para a área de recursos humanos
O setor de RH nem sempre conseguirá atender a todas as demandas do profissional que se envolve com mais de um projeto. Além disso, a valorização dessa abordagem de relação com o trabalho frequentemente não é desejada pelas empresas.
Contudo, de modo simultâneo, as organizações precisam se adaptar a um cenário onde o conceito tradicional de jornada e relação empregatícia está mudando.
A complexidade dessa nova realidade faz com que seja mais difícil encontrar ferramentas e políticas para acompanhar esses colaboradores de forma eficaz.
Essa tendência exige novas estratégias de engajamento e retenção que consideram as necessidades e demandas específicas desses profissionais, ao mesmo tempo em que não minimizem os riscos associados a esse tipo de arranjo no trabalho.
Por outro lado, é possível obter os benefícios de colaboradores com múltiplas habilidades e capazes de fomentar a criatividade e a inovação, muitas vezes em espaços mais resistentes.
Em resumo, o polywork surge como uma alternativa que reflete mudanças nas relações de trabalho, trazendo tanto oportunidades quanto desafios. Logo, esse modelo pode oferecer maior flexibilidade e diversidade de experiências, mas também exige atenção ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Entenda agora como o job crafting aumenta o engajamento e a satisfação profissional.
Referências
O crescimento do polywork no Brasil: a mudança do trabalho convencional para uma abordagem multifuncional
https://www.pontotel.com.br/polywork
Polywork: Movimento Puxado pela Geração Z Redefine o Futuro do Trabalho
Polywork: saiba tudo sobre essa tendência