Organizações precisam de estratégias para melhorar a saúde financeira de seus funcionários
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Entender a saúde como o cuidado integral, inclusive nas empresas, é uma pauta essencial para se ter mais qualidade de vida. Por isso, a saúde mental do trabalhador não pode ficar de fora e se tornou um tema de destaque nos últimos anos, inclusive nas organizações, e com razão. Afinal, um ambiente de trabalho saudável e acolhedor é essencial para:
- promover o bem-estar dos trabalhadores;
- aumentar a produtividade;
- reduzir o absenteísmo e o turnover;
- além de fortalecer a cultura organizacional.
Resultados confirmados pela pesquisa da Universidade da Califórnia (EUA), que revelou que trabalhadores saudáveis e felizes são 31% mais produtivos e três vezes mais criativos. Dessa forma, ficam mais motivados e atendem melhor os clientes e, como consequência, são evitados acidentes de trabalho e há redução de desperdícios.
A definição preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de que “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”, reforça a importância de abordar as questões mentais por meio de estratégias abrangentes de promoção, prevenção, tratamento e recuperação.
Equilíbrio emocional
Para a psicóloga e diretora de Mercado e Expansão da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), Ana Carolina Peuker, o contexto desafiador da pandemia de Covid-19 trouxe a necessidade de abordar as questões psicológicas, reconhecendo que o equilíbrio emocional faz parte da saúde integral. Porém, quando negligenciado, pode resultar em:
- estresse;
- ansiedade;
- depressão;
- risco de suicídio;
- afetando a produtividade e o bem-estar no ambiente de trabalho.
“Priorizar a saúde mental do trabalhador não apenas responder à urgência, mas também sinaliza que ações preventivas podem evitar o agravamento dessas condições, promovendo um equilíbrio fundamental na vida profissional. Precisamos falar mais sobre sustentabilidade humana, pois se as pessoas não estiverem mentalmente bem, não adianta ter equipamentos avançados. O negócio estará sob risco, porque as pessoas estão em risco”, alerta.
O tema é tão relevante que a atualização feita pelo Ministério da Saúde na lista de doenças relacionadas ao trabalho, no fim de novembro passado (portaria GM/MS n.º 1.999/23), após 24 anos, incluiu transtornos mentais como ansiedade, depressão e tentativa de suicídio, entre outros, além da síndrome de burnout (esgotamento profissional).
Essa atualização, segundo a especialista, é reflete a compreensão crescente de como o ambiente corporativo pode afetar não apenas a saúde física, mas também a saúde mental do trabalhador.
“Reconhecer os transtornos mentais como consequências do estresse laboral, não apenas valida as experiências dos trabalhadores, mas também destaca a necessidade de abordagens mais abrangentes na saúde ocupacional. Essa medida impacta diretamente a prevenção e o tratamento, favorecendo culturas de trabalho mais seguras e saudáveis”, afirma.
Leia também: Ambiente saudável é importante para evitar custos com nova lista de doenças associadas ao trabalho
Fatores psicossociais
Ana Carolina chama a atenção também para o impacto dos fatores psicossociais na saúde mental dos trabalhadores, especialmente no ambiente profissional. Nesse sentido, explica que conscientizar sobre esses riscos é vital, pois abrange desde a carga de trabalho excessiva até a falta de apoio social.
“As organizações podem amenizar esses riscos promovendo um ambiente de trabalho equilibrado, incentivando a comunicação aberta e implementando práticas que considerem o bem-estar mental dos trabalhadores”, afirma
Além disso, conscientizar sobre os fatores psicossociais é o primeiro passo para reduzir o estigma que envolve as questões mentais. Para tanto, as empresas devem implementar ações concretas que mitiguem os impactos desses riscos, como:
- Realizar avaliações regulares dos riscos psicossociais por meio de questionários e entrevistas.
- Desenvolver programas de conscientização que abordem temas como equilíbrio trabalho-vida, gestão do estresse e resiliência emocional.
- Criar ambientes de trabalho que promovam o apoio social e a colaboração.
- Incorporar tecnologias de rastreamento de riscos psicossociais, análise de dados comportamentais e ferramentas de feedback contínuo.
- Oferecer apoio emocional a partir de serviços de apoio ao empregado (EAP).
- Estimular práticas que promovam a flexibilidade no trabalho.
Hábitos saudáveis
Mente sã, corpo são. Esta frase até pode ser clichê, mas nunca fez tanto sentido quanto nos últimos tempos. Os transtornos que a mente produz podem nem sempre estar ligados a problemas físicos, mas, muitas vezes, acabam por impactar também a saúde física.
Fato comprovado por um número cada vez maior de estudos que mostram que hábitos saudáveis, como a prática de atividade física e alimentação equilibrada, por exemplo, impactam diretamente na saúde mental e do cérebro.
Para se ter ideia, pessoas com transtornos mentais, como a depressão, apresentam um estado leve de inflamação crônica. A alimentação saudável ajuda a combater esse processo, enquanto um cardápio disfuncional pode contribuir para o seu agravamento.
Ser sedentário, ou passar a maioria do dia em comportamento sedentário, não ter uma alimentação equilibrada, não praticar a higiene do sono, fatalmente vai manter a mente fadigada, intoxicada, inflamada e dar maior intensidade a todas as demandas estressoras do dia. Isso é chamado de reatividade ao estresse.
“Todas às vezes em que se tem hábitos não saudáveis, há naturalmente o aumento da percepção da depressão, da ansiedade, do esgotamento e do estresse, podendo gerar consequências de adoecimentos e afastamentos do trabalho”, explica Daniel Sandy, educador físico do Trabalho, especialista em Atividade Física Ocupacional e membro da Comissão Permanente do Prêmio Nacional de Qualidade de Vida (PNQV) da ABQV,
Por isso, a recomendação é ter um estilo de vida equilibrado e:
- evitar ficar sentado por muito tempo;
- praticar atividade física, em vários momentos do dia – subir escadas, caminhar, fazer exercício programado pelo menos 11 minutos/dia, sendo o recomendado de 20 a 22 minutos/dia;
- se alimentar de maneira adequada e o mais natural possível;
- ter uma boa higiene do sono;
- praticar atividades de meditação ou mindfulness;
- ter uma alimentação adequada.
“Conseguindo exercer esses hábitos é possível se manter equilibrado e protegido para prevenir os transtornos de humor”, ressalta o educador físico.
Abordagem holística
Para os especialistas, as organizações devem ter uma abordagem holística para proteger a saúde dos profissionais, considerando os aspectos físicos, emocionais e sociais, a partir da implementação de programas de bem-estar, oferecendo suporte psicológico e promovendo uma cultura organizacional que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Sandy reforça que não deve ser uma ação de benefícios, mas sim de bem-estar para todos, que comece pela empresa, passe pelas lideranças e culmine nos trabalhadores.
Ana Carolina reforça que as organizações que priorizam a saúde mental dos trabalhadores demonstram um compromisso genuíno com o bem-estar de seus profissionais, criando um ciclo positivo de satisfação e eficiência. Isso também se alinha com diretrizes de ESG, que estão na base dos negócios responsáveis.
A ABQV apoia as empresas, de todos os portes e segmentos, neste sentido por meio do Movimento Gerar Bem-Estar, que difunde boas práticas de saúde corporativa considerando todas as dimensões do bem-estar. Saiba mais acessando o site: www.gerarbemestar.com.br.