Segurança e saúde precisam ser valores para as empresas

RH e lideranças têm papel crucial para evidenciar que cuidar dos colaboradores também contribui para aumentar a excelência e a produtividade

Evitar acidentes de trabalho não é apenas uma questão de humanizar a relação entre funcionários e empregadores, embora esse aspecto também seja importante. Mas há outros fatores envolvidos, como a imagem, maior dedicação do trabalhador e o aspecto econômico.

“Toda empresa deve prevenir os acidentes no ambiente de trabalho. A conscientização e a formação dos trabalhadores no ambiente corporativo são a melhor forma de prevenir acidentes. A isso devemos acrescentar a aplicação das medidas de segurança coletivas e individuais inerentes à atividade desenvolvida. A palavra-chave é prevenir, sempre”, afirmou a médica do Trabalho e membro da diretoria da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT), Adriana Jardim Arias Pereira, no webinar “Prevenção de Acidentes de Trabalho – Contribuição dos Programas de Saúde Ocupacional e Promoção do Bem-estar”, promovido pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), no dia 27 de julho, data em que é celebrado o Dia Nacional de Prevenção aos Acidentes de Trabalho.

Mesmo sendo obrigatória as ações e medidas para enfrentar riscos de acidentes de trabalho nas empresas, o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho brasileiro, desenvolvido e mantido pelo Ministério Público do Trabalho em cooperação com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), apontou que:

• Somente em 2021 foram notificados 571,8 mil acidentes de trabalho no país.
• Entre 2012-2021, foram registradas 6,2 milhões de comunicação de acidentes de trabalho (CATs);
• O INSS concedeu 2,5 milhões de benefícios previdenciários acidentários, incluindo auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensões por morte e auxílios-acidente;
• O gasto previdenciário nesse período ultrapassou os R$ 120 bilhões somente com despesas acidentárias.

A médica explicou que há vários estudos de relevância internacional que demonstram a relação direta da segurança e da saúde no trabalhado com o desempenho dos trabalhadores, uma vez que os acidentes e doenças ocupacionais impactam nas atividades das empresas.

“O investimento em segurança do trabalho se faz necessário não apenas por conta das leis trabalhistas brasileiras, que determinam as normas que as empresas devem seguir, mas, também, porque essa preocupação atinge diretamente o crescimento da organização. Investir na prevenção de acidentes de trabalho traz benefícios econômicos que superam os gastos e o tempo dedicado a isso.”, garantiu Adriana.  

A prevenção de acidentes e ao adoecimento é um diferencial competitivo e social para as empresas, no Brasil e no exterior, levando em conta os atributos de responsabilidade social e governabilidade que são cada vez mais exigidos pela sociedade. 

A médica foi categórica ao dizer que “segurança e saúde de fato, hoje, têm de ser um  valor para a empresa”. Por isso, quando se realiza:

• Programas ocupacionais;
• Exames médicos ocupacionais;
• Treinamentos;
• Programas de qualidade de vida;
• Cursos;
• Assistência médica, o intuito é melhorar a saúde do trabalhador para propiciar uma maior qualidade laboral e o foco de ação, além da responsabilidade social, também é proporcionar mais segurança e saúde dentro das empresas.

Investir em segurança do trabalho pode até gerar custos, porém, a longo prazo, é possível sentir a economia para a organização, explicou Adriana. Transporte do funcionário acidentado, afastamentos, contrato de mão de obra temporária, indenizações, gastos com materiais danificados e reabilitação do colaborador são apenas alguns dos prejuízos que se pode evitar apenas com prevenção.

Além disso, com a organização permitida pela segurança do trabalho, a produção aumenta e gera mais lucro. Os funcionários, por sua vez, se tornam ainda mais motivados em um ambiente agradável e seguro, favorecendo a produtividade.

“Outro benefício promovido pela prevenção de acidentes de trabalho é a melhoria nas relações entre gestores e colaboradores, que passam a valorizar ainda mais o emprego por ter pessoas que se preocupam com o seu bem-estar”, destacou a médica do Trabalho.

Missão e objetivos

Os transtornos mentais afetam 1 bilhão de pessoas no mundo, o que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), representa uma perda de US$ 1 trilhão/ano em produtividade. O estresse no local de trabalho custa à economia dos EUA, por exemplo, mais de US$ 500 bilhões/ano com gastos em:

• Saúde;
• Auxílio-doença;
• Absenteísmo, ou
• Presenteísmo.

Por isso, Adriana reforçou que implantar práticas de prevenção de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais devem estar atreladas aos objetivos das empresas, que devem adotar essas medidas em conjunto com os governos e os trabalhadores.

“A missão deve ser mitigar acidentes, criar rotinas de prevenção, com foco no capital humano, com a visão para aumentar os índices de excelência e produtividade das organizações”, aponta a médica do Trabalho. 

Para tanto, a área de Recursos Humanos e as lideranças têm papel crucial não somente no cumprimento da lei, mas como agentes que devem demonstrar à alta direção  que cuidar da saúde dos colaboradores também contribui para aumentar os índices de excelência e produtividade das organizações e que programas de qualidade de vida geram valor e levam benefícios qualitativos e quantitativos às empresas.

“Afinal, segurança do trabalho e qualidade de vida são conceitos intimamente relacionados. Oferecer melhores condições aos colaboradores significa ajudar na prevenção de acidentes e reduzir doenças ocupacionais dentro da organização. Ademais, construir um ambiente seguro e desenvolver procedimentos saudáveis são responsabilidades compartilhadas entre empregados e empregadores”, finalizou Adriana. 

Assista a íntegra do webinar “Prevenção de Acidentes de Trabalho – Contribuição dos Programas de Saúde Ocupacional e Promoção do Bem-estar”, no canal da ABQV no YouTube.