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Reconhecida como uma das formas mais eficazes de prevenir doenças, a vacina visa fortalecer o sistema imunológico do organismo à medida que o faz desenvolver defesas – os chamados anticorpos – contra algumas enfermidades.
Sua importância está focada, não apenas na questão da proteção individual, mas também na imunidade coletiva. Quando toda ou boa parte da população está vacinada, a propagação em massa de doenças é interrompida, melhorando a qualidade de vida e a saúde das pessoas.
No caso da vacinação ocupacional, esta tem sido uma iniciativa de bastante relevância no que toca à preocupação das organizações para com a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.
Trata-se de um investimento que visa comprometimento e cuidado, pois, assim, as empresas têm colaboradores saudáveis e motivados, evitando situações como:
- absenteísmo (ausência no trabalho);
- altos gastos com planos de saúde;
- afastamentos por doenças preveníveis;
- queda na produtividade; entre outras.
“Por isso, a vacinação ocupacional é uma iniciativa importante voltada à imunização de profissionais no ambiente de trabalho, e deve ser encabeçada, especialmente, pela alta hierarquia, juntamente ao departamento de Saúde e Segurança do Trabalho para garantir a imunização de quem trabalha na organização”, explica Ernst Ludwig Schneider, especialista em Medicina do Trabalho e em Gestão de Programas de Qualidade de Vida nas empresas e auditor do Prêmio Nacional de Qualidade de Vida (PNQV), da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).
A ação deve seguir o Calendário Nacional de Vacinação, que faz parte do programa que procura garantir à população algumas vacinas essenciais, como a antitetânica, a contra a gripe, entre outras. Schneider esclarece que a iniciativa está associada à Norma Reguladora 32 – que estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores –, que define como a vacinação ocupacional deve acontecer nas organizações.
Orientação
O Calendário de Vacinação do Adulto visa servir de orientação para imunizar ou atualizar as vacinas contra doenças que podem ser prevenidas, como exemplo: sarampo, varicela, tétano, meningite, gripe e hepatites A e B.
Mas Schneider orienta que as vacinas que os trabalhadores precisam tomar também deve levar em conta a condição de trabalho, como, por exemplo, um trabalhador pode ficar exposto a agentes infecciosos específicos, ou quando um executivo precisa viajar até uma área com alta prevalência de febre amarela.
“Nesses casos, é importante ter na empresa uma área de orientação com conhecimentos específicos para a imunização necessária”, orienta o auditor do PNQV, que lembra que como o tema é muito específico, é recomendado se orientar na Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), que, inclusive, fez um Guia de Imunização, em parceria coma Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt).
Benefícios
Os benéficos da vacinação ocupacional está, especialmente, na promoção da saúde do colaborador, uma vez a imunização proporciona:
- a prevenção de doenças e enfermidades associadas ao ambiente de trabalho;
- a capacidade produtiva dos colaboradores não é afetada e a motivação aumenta;
- a redução de doenças infecciosas de consequências graves;
- previne o trabalhador de doenças encontradas na sociedade, e podem afetar o trabalho;
- promove o bem-estar do colaborador.
Para estimular os trabalhadores a se vacinarem, Schneider explica que promover palestras de conscientização e ter uma comunicação interna em linguagem acessível são importantes para construir a cultura do autocuidado. Porém, apenas isso não basta.
“É importante criar infraestrutura de acesso às vacinas, levando a imunização para dentro das empresas, ou facilitando o acesso e custeio em clínicas conveniadas. A pandemia ensinou para muita gente que ‘vírus não olha crachá’, trazendo à tona a importância de se cuidar bem dos terceiros e também dos familiares dos trabalhadores”, afirma o especialista.
Combate à fake news
Para vencer o negacionismo hoje tão frequente quando o assunto é vacinação, Schneider diz ser fundamental trazer magia e festa para os momentos de aplicação das vacinas dentro das empresas.
“Levar as crianças e recebê-las com roupa de super herói, dar o diploma de coragem, tirar fotos da família em uma área especialmente decorada etc. Essa magia cria a energia necessária para vencer o negacionismo e as fake news que dificultam os processos de vacinação em todo mundo”, ressalta.
Ainda para melhorar a adesão ao esquema vacinal é preciso, na visão do auditor do PNQV, a construção de protocolos formais pela equipe de saúde na empresa, baseados em ciência, sobre o que precisa ser feito nas situações que se apresentam.
“Na pandemia, ocorreram situações de pessoas que se recusaram a tomar vacina. Numa situação assim, é preciso pensar na segurança dos demais trabalhadores. A defesa da saúde coletiva talvez exija uma medida disciplinar dura para proteger os outros trabalhadores”, pontuaSchneider.
Case de sucesso
A Rede Santa Catarina, para incentivar a imunização em seus trabalhadores, possui um programa de imunização, que faz parte do seu Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Nele, está definido as vacinas obrigatórias para cada perfil de colaborador e seu respectivo cargo, considerando sua exposição ao risco.
Para garantir o controle das doses de cada imunobiológico, Elaine Regina Ferreira, diretora corporativa de Gestão de Pessoas da Rede Santa Catarina, revela que solicitam ao novo colaborador, no processo de contratação, a apresentação da carteira de vacinação, com os documentos de trabalho.
“Caso nossa equipe de Saúde Ocupacional, no momento do exame médico admissional, identifique a falta de alguma dose de imunizante ou a desatualização de vacinas, como a de hepatite B, tétano, tríplice viral e Covid-19, já é feita a aplicação das que são preconizadas pela Superintendência de Vigilância em Saúde (SUVs)”, esclarece Elaine.
Além disso, monitoram, por meio do sistema integrado de Saúde e Segurança do Trabalho, a cobertura vacinal dos colaboradores e, se necessário, os convocam para regularizar as doses como rotina mensal e no exame médico periódico.
“Além do cumprimento legal, é uma forma de cuidarmos dos nossos colaboradores, por ser uma medida comprovada e eficaz de proteção. Cabe destacar que essa iniciativa faz parte do nosso Programa de Bem-estar e Qualidade de Vida, que também contempla a oferta de imunização também para as vacinas sazonais, como a da influenza”, detalha.
A diretora conta ainda que investir em uma cobertura vacinal mais ampla é uma forma eficaz de prevenção contra a transmissão e o adoecimento dos profissionais, que traz impactos importantes para a saúde do colaborador e no absenteísmo.
“Um dos resultados que atingimos foi o índice de 98% dos nossos colaboradores vacinados com a dose de reforço da Covid-19. Acreditamos que esse volume de trabalhadores imunizados somado a outras iniciativas de prevenção e cuidado, nos possibilitou reduzir o número de profissionais infectados ou com níveis graves da doença”, afirma Elaine, destacando que com as imunizações relacionadas ao risco do setor, principalmente dos colaboradores da área assistencial, promoveram um ambiente de trabalho mais seguro.
Desafios
A diretora da Rede Santa Catarina comenta que o maior desafio na implementação do programa de imunização está em controlar, convocar, reconvocar e traçar estratégia eficazes de comunicação. Mas, para mitigar esse esforço, ela contou com o apoio das lideranças para a busca ativa do seu público, bem como para engajá-los e comprometê-los com o autocuidado.
Inclusive, Elaine acredita que para melhorar o esquema vacinal no país, assim como Schneider, combater a disseminação de fake news, intensificar ações educativas em saúde, ampliar as campanhas de comunicação, que facilitem o acesso da população a uma informação clara e transparente, pode ajudar na reversão deste quadro.
“Outra iniciativa importante é a promoção da vacinação em mais lugares, como escolas, empresas, igrejas, locais de acesso ao transporte público, além da ampliação de horários nos postos de Saúde”, conclui a diretora da Rede Santa Catarina.