
ABQV completa 30 anos atuando em prol da qualidade de vida
28 de abril de 2025O bem-estar corporativo tem se tornado uma prioridade crescente nas empresas, em um contexto em que os desafios modernos do mundo do trabalho só aumentam. Entre tais obstáculos, os riscos psicossociais se destacam como um fator de desequilíbrio para a saúde mental e a produtividade dos colaboradores.
Portanto, é indispensável entender como as empresas podem combatê-los, inclusive dentro das mudanças regulatórias trazidas pela NR-1.
Assim, é possível investir em estratégias que funcionam como verdadeiros “EPIs para a mente”, protegendo efetivamente todos os colaboradores.
Afinal de contas, o que são riscos psicossociais no trabalho?
De modo amplo, os riscos psicossociais são aqueles fatores relacionados ao ambiente, à organização ou às condições de trabalho que podem afetar negativamente a saúde mental e emocional dos colaboradores.
Parte desses aspectos pode variar conforme a área de atuação do profissional. Assim, quem atua em um setor onde o risco de acidentes é alto pode ter no medo constante de qualquer tipo de incidente um elemento importante de tensão.
De qualquer maneira, os riscos psicossociais mais relevantes frequentemente incluem situações como:
- sobrecarga de trabalho, com um volume excessivo de tarefas ou prazos fora de uma realidade factível;
- falta de autonomia, com pouco controle sobre como realizar seu trabalho;
- relações interpessoais conflituosas, que se manifestam por meio de problemas com colegas ou superiores;
- ambiguidade de função, em que há falta de clareza sobre responsabilidades;
- insegurança no emprego, que gera um medo constante de demissão;
- falta de reconhecimento adequado pelos esforços, bem como pelos resultados obtidos;
- episódios de assédio moral e sexual.
As consequências da falta de atenção com os riscos psicossociais
Sob a perspectiva individual, esses cenários aumentam a probabilidade de adoecimento psíquico, sobretudo a partir do momento em que o estresse se torna uma constante. Logo, entre as consequências mais comuns associadas a um ambiente de trabalho pouco saudável nesse âmbito estão:
- desenvolvimento da síndrome de burnout;
- aumento da chance de quadros ansiosos e depressivos;
- presença de distúrbios do sono ou mesmo dificuldade para relaxar fora do posto profissional;
- alterações no comportamento (maior irritabilidade, por exemplo);
- comprometimentos cognitivos (dificuldades de concentração e memória, entre outros);
- problemas cardiovasculares;
- disfunções musculoesqueléticas (por conta da tensão acumulada).
Do ponto de vista coletivo, as empresas podem notar esse tipo de impacto por meio de uma série de indicadores. O absenteísmo e o presenteísmo são os primeiros a serem afetados negativamente.
Além disso, pode haver redução da produtividade, dificuldade para reter os profissionais contratados e maior número de afastamentos, gerando maiores custos.
O que a nova redação da NR-1 diz sobre os riscos psicossociais?
O conceito de riscos psicossociais é importante para entender o que mudou na Norma Regulamentadora Nº 1 (NR-1), que passou por uma atualização significativa aprovada ainda em 2024.
Em linhas gerais, o texto estabelece as diretrizes para segurança e saúde no trabalho. A grande novidade é a inclusão justamente dos chamados riscos psicossociais como um aspecto a ser monitorado e mitigado pelas empresas, dentro daquilo descrito no tópico anterior.
Diante disso, por meio do chamado gerenciamento dos riscos ocupacionais (GRO), as empresas deverão:
- identificar e avaliar esse tipo de insegurança em seus ambientes de trabalho, assim como já fazem com riscos físicos ou ergonômicos;
- elaborar e implementar medidas para reduzir esses riscos (que podem incluir, por exemplo, ajustes na carga horária, promoção de um clima organizacional saudável e capacitação de líderes).
Em um primeiro momento, a nova regulamentação passaria a valer a partir do final de maio de 2025. Dessa forma, o descumprimento das novas regras poderia resultar em advertências e multas aplicadas pelas autoridades competentes.
Contudo, o Ministério do Trabalho e Emprego anunciou no final de abril de 2025 que a atualização da NR-1 nesse primeiro ano terá caráter apenas orientativo. Ou seja, as empresas devem usar o período para promover os ajustes necessários, sem a chance de penalidades.
Saiba mais: MTE mantém implementação de NR-1, de forma educativa, para 26 de maio de 2025
Quais estratégias podem melhorar a saúde mental dos colaboradores?
Independentemente de qualquer prazo, a preocupação com a saúde mental jamais deve ser ignorada. Considerando o intervalo entre 2014 e 2024, o número de profissionais afastados por queixas psiquiátricas mais que dobrou.
Dados do Ministério da Previdência Social mostram que o contingente de pessoas longe dos seus empregos por conta desse tipo de complicação saiu de 203 mil há 10 anos para mais de 440 mil em 2024.
Não por menos, empresas devem adotar medidas práticas capazes de transformar os espaços de trabalho em busca de um maior cuidado com esse aspecto. Entre medidas viáveis com esse fim estão:
- a adoção de regimes de trabalho mais flexíveis, com alternâncias de horários e modelos (híbrido ou remoto, por exemplo) e garantia do direito à desconexão nos momentos fora do expediente;
- o fortalecimento de programas de bem-estar, com a disponibilização de recursos de apoio psicológico, estratégias de incentivo a hábitos saudáveis e campanhas de conscientização sobre temas pertinentes;
- o desenvolvimento de lideranças empáticas, capazes de manter uma escuta ativa e oferecer feedbacks construtivos;
- a manutenção de um ambiente seguro e inclusivo, com políticas rígidas contra assédio e discriminação;
- o monitoramento dos resultados obtidos continuamente e a realização de ajustes constantes para entender a evolução dos indicadores de bem-estar e saúde mental.
Reconhecer os riscos psicossociais reflete a necessidade inegociável de encarar a saúde mental como parte integrante da segurança no trabalho e da qualidade de vida de todo mundo, fazendo com que as empresas corram para trazer para dentro do negócio esses tão necessários “EPIs para a mente“.
Antes de ir embora, saiba por que a felicidade no trabalho precisa fazer parte da cultura organizacional das empresas
Referências
Saúde mental: afastamentos dobram em dez anos e chegam a 440 mil
Fatores de risco psicossociais relacionados ao trabalho: uma análise contemporânea
https://www.scielo.br/j/rbso/a/Rz43Np8SncG3zJ7zL6VtCGx
Empresas brasileiras terão que avaliar riscos psicossociais a partir de 2025
Crise de Saúde Mental no Brasil: Empresas Terão Que Adotar Medidas de Prevenção
Inclusão de fatores de risco psicossociais no GRO começa em caráter educativo a partir de maio