Por que o climate quitting pode ser um desafio para muitos negócios
27 de novembro de 2024Todo mundo que trabalha duro no dia a dia fica na espera de poder aproveitar o tempo livre pós-expediente, aos finais de semana ou mesmo naquelas tão sonhadas férias. Porém, e quando a oportunidade de se desconectar do trabalho também se transforma em um espaço de aflição?
Esse é um fenômeno que vem se tornando cada vez mais comum e já ganhou até um nome que muita gente vem propagando: o “fear of switching off” ou apenas FOSO.
Numa tradução livre, esse termo define justamente o “medo de desligar”, caracterizado pela sensação de que é preciso estar presente ou pensando no trabalho mesmo quando isso não é demandado.
O conceito do “fear of switching off”
Quem perdeu uma festa em que todos os amigos estavam presentes pode acabar com a percepção de que não participou de algo relevante, que vai gerar assunto por muito tempo. Isso vale ainda para o ato praticamente involuntário de pegar o celular toda hora para saber se nenhuma nova mensagem chegou.
Esses comportamentos, popularizados com a disseminação da tecnologia, fazem parte do chamado de FOMO, o fear of missing out ou simplesmente medo de ficar de fora.Ele compreende a angústia de achar que está sendo excluído de algo imperdível (ao menos teoricamente).
Agora, imagine transportar essa sensação de que algo muito importante está acontecendo para o ambiente de trabalho e, assim, não conseguir tirar isso da cabeça mesmo durante o descanso. Ou ter a impressão de que o período longe do emprego vai ser prejudicial para o resto do ano.
Em resumo, isso é o que define o “fear of switching off”, o FOSO, espécie de irmão do FOMO. Embora mais recente, ele parece descrever algo que é mais comum do que se imagina.
Dados de levantamento feito pela Priority Pass, que administra estruturas em aeroportos, mostram que:
- um terço dos entrevistados tem dificuldade em não checar e-mails e mensagens durante as férias;
- 73% se mostram preocupados com as comunicações deixadas para trás durante o intervalo de repouso;
- 78% acham que aproveitariam melhor as folgas se conseguissem se desconectar do trabalho;
- 56% dos indivíduos da Geração Z (nascidos no final dos anos 90 em diante) enfrentam obstáculos para diminuir o uso do celular nas férias.
As respostas foram obtidas a partir de formulários online junto a 8 mil pessoas de diversos países, incluindo o Brasil.
Leia também: Como a qualidade de vida no trabalho é uma prioridade para as novas gerações.
Os riscos desse hábito para a qualidade de vida
Os motivos pelos quais é tão difícil deixar o trabalho no trabalho são muitos. E envolvem desde a ausência de separação entre vida pessoal e profissional (principalmente em quem adota regimes de trabalho remoto) até a ansiedade causada pelo contato permanente com dispositivos conectados à internet.
O FOSO pode ser ainda maior para quem ocupa cargos de liderança ou empreende por conta própria. Isso porque as responsabilidades desses postos fazem com que romper o laço de conexão seja mais difícil, ainda que temporariamente.
Mas, independentemente de cargo, profissão ou área de atuação, a atenção permanente ao que pode estar acontecendo mesmo enquanto se está ausente tem reflexos em diferentes dimensões. Entre algumas consequências estão:
- impressão de que nunca é possível descansar o suficiente;
- redução do tempo de lazer e relaxamento;
- aumento do estresse;
- perda de desempenho e produtividade;
- maior risco de adoecimento físico e psíquico.
Em última instância, o FOSO parece também se relacionar a uma complicação cada vez mais comum dos nossos tempos: o burnout. É difícil separar a síndrome do esgotamento da necessidade permanente de atender às demandas do trabalho.
Como conseguir se desconectar do trabalho efetivamente em 7 passos
Nem todo mundo tem a oportunidade de tirar férias em uma ilha deserta sem sinal de celular. No entanto, não é preciso alcançar as condições ideais para tirar tudo da tomada e aproveitar de verdade qualquer período de relaxamento. Com isso, é possível adotar algumas estratégias simples para combater o FOSO:
- estabeleça limites e comunique de forma clara sua ausência;
- saiba organizar pendências antes de sair de férias ou de folga e não hesite em delegar tarefas;
- fique longe do celular e do computador o máximo possível;
- separe apenas um momento do dia para conferir e responder mensagens se for inevitável;
- faça planos para aproveitar o período de descanso;
- escolha atividades de lazer que não dependam da tecnologia;
- encare a desconexão como um desafio (e uma forma de autocuidado).
A partir do momento em que se desconectar do trabalho dispara uma ansiedade difícil de gerenciar, culpa demais ou quaisquer outros sentimentos negativos, a busca por ajuda especializada para cuidar da saúde mental pode ser necessária. Esse comportamento não é sustentável no longo prazo e o corpo vai cobrar a fatura mais cedo ou mais tarde.
Aproveite e entenda porque ser workaholic não é sinônimo de produtividade lá em cima.
Referências
“Fear of Switching Off”: por que profissionais não se desconectam nas férias
Prejuízos do “Fear of switching Off” a médio e longo prazos
Fear of Switching Off when Travelling
https://www.prioritypass.com/blog/2023/embrace-the-fear-of-switching-off-while-travelling