Cérebro multitarefa: o que é mito ou verdade quando se fala em trabalhar em várias coisas ao mesmo tempo
14 de outubro de 2025
3º lugar Sessão de Pôsteres do 23º CBQV – SAÚDE INTEGRAL E ODS 3: EXPERIÊNCIA MULTIPROFISSIONAL NA APLICAÇÃO DOS OITO REMÉDIOS NATURAIS EM TRABALHADORES
23 de outubro de 2025
A busca por espaços profissionais mais produtivos e saudáveis passa, necessariamente, pela atenção à ergonomia no trabalho. Além das obrigações legais, a realidade mostra que negligenciar aspectos ergonômicos traz consequências graves do ponto de vista individual e coletivo.
Por isso, vale sempre a pena reforçar que investir em condições adequadas de trabalho não é um custo, mas sim uma estratégia inteligente para prevenir adoecimentos e fortalecer a performance das equipes no curto, médio e longo prazo.
O que envolve o conceito de ergonomia no trabalho?
Ao contrário do que muita gente imagina, a ergonomia no trabalho vai muito além de cadeiras confortáveis ou mesas ajustáveis.
É claro que isso importa, mas, de acordo com a cartilha do Ministério da Saúde sobre o tema, a ergonomia é uma ciência que estuda a adaptação das condições de trabalho às características físicas, cognitivas e psicológicas dos trabalhadores, visando otimizar o bem-estar e a eficiência das atividades desempenhadas.
Dessa forma, a ergonomia engloba:
- aspectos físicos, como a postura adequada, o posicionamento de equipamentos e a organização do espaço laboral;
- elementos como temperatura, luminosidade e o nível de ruído durante o exercício profissional. Ou seja, os locais de trabalho devem ter a preocupação com a posição das luzes, o controle adequado do calor e do frio e a proteção frente a barulhos excessivos (de maquinários, por exemplo);
- questões cognitivas, relacionadas à forma como as informações são processadas;
- aspectos organizacionais, que envolvem a estruturação das tarefas, pausas e ritmo de trabalho.
Para orientar esse tipo de atenção, a legislação brasileira estabelece a Norma Regulamentadora 17 (NR-17) do Ministério do Trabalho e Emprego.
O documento aponta que as condições de trabalho devem proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Para isso, cada ambiente precisa ser pensado considerando as particularidades das funções exercidas e as necessidades específicas de quem as realiza.
No fim, a ergonomia busca prevenir lesões decorrentes de acidentes ocupacionais, fadiga excessiva e outros problemas de saúde causados por posturas inadequadas, movimentos repetitivos ou ambientes mal planejados.
Leia também: Estabelecer limites no uso de tecnologia é fundamental para preservar a saúde física e mental
Quais os benefícios da atenção integral à ergonomia no trabalho?
Logo de cara, entre os principais benefícios do investimento correto em ergonomia estão a redução expressiva de afastamentos por doenças ocupacionais.
Nesse cenário, têm destaque aquelas relacionadas às LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e às DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho).
Essas condições, que encabeçam a lista de causas de afastamento no trabalho, podem levar à incapacidade temporária ou permanente. Elas geram custos elevados com tratamentos e impactam a produtividade. Entre 2011 e 2021, a Previdência Social registrou mais de 600 mil licenças de trabalho por conta dessas complicações de saúde.[GH1]
Deficiências ergonômicas também afetam diretamente a saúde mental dos colaboradores. Ambientes desconfortáveis (com excesso de ruído, por exemplo) têm o potencial de aumentar o estresse cotidiano e desencadear complicações de natureza psíquica.
Outro ponto relevante está na redução da fadiga e do estresse físico ao longo da jornada. Quando o corpo não precisa compensar posturas inadequadas ou realizar esforços desnecessários, a energia é melhor direcionada, gerando melhor desempenho e qualidade nas entregas.
Por consequência, empresas que priorizam a ergonomia experimentam aumento na produtividade, diminuição do absenteísmo e fortalecimento da imagem corporativa.
Afinal, organizações que cuidam genuinamente de suas equipes tornam-se referências em responsabilidade social e gestão humanizada, reforçando ainda o atendimento às obrigações legais características da sua área de atuação.
Sem esses cuidados, pode haver repercussões negativas relacionadas ao descumprimento de normas trabalhistas e à perda de diferenciais competitivos. Além disso, somam-se os danos à reputação da marca no mercado.
Quais as medidas mais importantes para reforçar a ergonomia no trabalho?
Promover a ergonomia no trabalho exige planejamento estratégico e ações práticas. Elas precisam considerar as particularidades de cada ambiente, assim como as características do segmento de atuação do negócio. Para isso, algumas iniciativas fundamentais incluem:
- análise ergonômica do espaço profissional, identificando riscos, necessidades específicas e oportunidades de melhoria em cada função e setor da empresa;
- investimento em mobiliário adequado, com utensílios que permitam posicionamento correto dos equipamentos utilizados, com os mecanismos de proteção (apoio para lombar, para os pés, etc.);
- iluminação apropriada, evitando reflexos ou ambientes muito escuros que forçam a visão e causam fadiga ocular;
- incentivo a pausas regulares ao longo da jornada, para alongamentos, mudanças de postura e momentos de descompressão que previnem sobrecarga física e mental;
- capacitação de colaboradores sobre postura correta, uso adequado dos equipamentos e importância da ergonomia para a saúde individual e coletiva;
- adequação do ambiente às demandas específicas, considerando temperatura, ventilação, níveis de ruído e organização do espaço físico para facilitar o fluxo de trabalho, amenizando a sobrecarga e prevenindo acidentes;
- monitoramento contínuo das condições ergonômicas, por meio de avaliações periódicas, feedbacks dos colaboradores e atualização das medidas conforme necessário.
Em resumo, ações de ergonomia no trabalho são indispensáveis não apenas para cumprir exigências legais, mas principalmente para construir ambientes profissionais verdadeiramente saudáveis, impactando positivamente a relação entre pessoas e seus exercícios profissionais.
Aproveitar agora para entender o que está por trás da ideia de job crafting e de que modo ela pode ampliar a satisfação dentro das empresas.
Referências
Qual a importância da ergonomia no ambiente de trabalho
https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/qual-a-importancia-da-ergonomia-no-ambiente-de-trabalho
Cartilha de Ergonomia – Ministério da Saúde
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_ergonomia.pdf
LER e DORT: complicações envolvem incapacidade temporária ou permanente para o trabalho https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/fevereiro/ler-e-dort-complicacoes-envolvem-incapacidade-temporaria-ou-permanente-para-o-trabalho
Ergonomia no trabalho: como aumentar a produtividade e reduzir doenças ocupacionais
https://www.sesipr.org.br/informacoes-sst/servicosemsst/ergonomia-no-trabalho-como-aumentar-a-produtividade-e-reduzir-doencas-ocupacionais
Trabalhadores com LER/Dort podem sofrer assédio moral e transtornos mentais
