Diversidade geracional nas empresas: por que vale a pena?
13 de novembro de 2024É inegável como a preocupação com as mudanças climáticas vem quebrando paradigmas em diversos segmentos. Por isso, o chamado de climate quitting é um comportamento que começou a ganhar mais adeptos.
Essa “demissão climática”, numa tradução livre, envolve a decisão de abandonar o emprego por não concordar com as práticas de sustentabilidade de um negócio. Embora o meio ambiente acabe sendo o foco, tal iniciativa pode se estender também a outros valores pessoais.
De que forma a mudança climática interfere na atuação das empresas
De acordo com a Organização das Nações Unidas, o termo mudanças climáticas compreende o conjunto de transformações que, no longo prazo, alteram os padrões de temperatura e clima em todo o planeta.
Esse processo foi acelerado nos últimos séculos pela atividade humana, sobretudo por conta da emissão dos chamados gases de efeito estufa, provenientes da queima de combustíveis fósseis como a gasolina, o diesel e o carvão.
Diversos tipos de indústrias e negócios utilizam métodos de produção e/ou sistemas que são fontes de liberação desses gases. Além disso, há um crescimento da destruição de ecossistemas naturais (como as florestas) e do número de aterros de lixo.
Diante desse cenário, é difícil encontrar uma atividade humana atual que não contribua para a piora do clima e das perspectivas sobre o futuro.
Por este motivo, o número de funcionários descontentes com a forma como os seus empregadores lidam com a questão vem crescendo cada vez mais. A atenção a determinados valores se tornou parte fundamental de suas escolhas profissionais. Assim, eles são mais propensos a pedir demissão ou mesmo recusar determinadas vagas de emprego.
O climate quitting e o ESG
De forma mais ampla, tal fenômeno pode contemplar ainda outros aspectos compreendidos no guarda-chuva do ESG, termo que se refere às práticas de governança ambiental, social e corporativa.
Ou seja, ao lado da sustentabilidade, problemas que envolvam a transparência na gestão, a ética da empresa ou a falta de preocupação com as pessoas e questões sociais também podem afastar candidatos.
Logo, a adoção desse tipo de iniciativa tende a ser cada vez mais relevante, não apenas para clientes e investidores, como também para os profissionais que as empresas conseguem atrair.
Profissionais mais propensos ao climate quitting
Em certa medida, é de se esperar que pessoas que atuem em atividades com alto impacto ambiental tenham uma tendência maior ao climate quitting. Entre os exemplos disso estão profissionais do ramo de petróleo, energia ou de exploração de recursos naturais.
No entanto, a idade também parece ser um fator preponderante nessa decisão. Indivíduos da geração Z (nascidos depois dos anos 2000) e os millenials (que vieram ao mundo depois da metade dos anos 80) costumam ser os que mais adotam a postura.
No Reino Unido, a consultoria internacional KPMG realizou uma pesquisa com mais de 6 mil trabalhadores de diversas idades a respeito de como o alinhamento às práticas ESG influencia suas decisões profissionais. No fim, o levantamento constatou que:
- Metade das pessoas desejava que a empresa que os contrata tivesse boas iniciativas de ESG;
- Entre os trabalhadores de 18 e 44 anos, mais da metade também reconhecia históricos de boas práticas nessa área;
- Uma em cada cinco pessoas já havia recusado um emprego por achar as medidas de sustentabilidade social e ambiental do negócio insuficientes;
- Esse último número cai para uma a cada três entre os mais jovens (indo dos 18 aos 24 anos).
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Estratégias para que empresas consigam lidar com o climate quitting
Na prática, organizações que já enfrentam (ou, em algum momento, vão enfrentar) o fenômeno do climate quitting podem sofrer mais para preencher novas vagas e reter talentos, sobretudo entre aqueles com menos idade.
Adicionalmente, isso pode provocar prejuízos para a reputação da empresa perante a sociedade e o mercado como um todo, uma vez que pode gerar uma percepção de falta de compromisso socioambiental.
Portanto, quem se vê diante desse cenário deve, acima de tudo, colocar em prática ações efetivas e sair do mero discurso. Entre medidas essenciais para isso estão:
- Desenvolver, repensar e aprimorar iniciativas de sustentabilidade, seja dentro do local de trabalho ou nos processos, atividades e sistemas;
- Promover uma maior transparência sobre o que está sendo feito e abrir espaço para críticas e sugestões do que pode ser melhorado;
- Fazer da sustentabilidade um parâmetro para qualquer nova ação dentro do ambiente corporativo;
- Ajudar os colaboradores a se engajarem por meio de voluntariados, campanhas de conscientização ou qualquer outro tipo de atuação capaz de reforçar a importância do tema.
Em resumo, o climate quitting é um reflexo de como determinados indivíduos (sobretudo das gerações mais jovens) estão dispostos a contribuir para conter as mudanças climáticas e outros impactos de suas ações sobre o mundo. Cabe às empresas, portanto, acolher essas demandas da melhor forma possível.
Aproveite e confira 7 dicas essenciais para fortalecer estratégias de ESG realmente eficientes.
Referências
What is climate quitting?
Climate quitting – younger workers voting with their feet on employer’s ESG commitments
Net zero in a time of recession
O que são as mudanças climáticas?
https://brasil.un.org/pt-br/175180-o-que-s%C3%A3o-mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas