
A importância estratégica da felicidade corporativa e do bem-estar das equipes
11 de setembro de 2025Todo mundo está constantemente tentando ser mais produtivo. A princípio, não há nada de errado com isso, sobretudo quando há retornos positivos. No entanto, a busca incessante por esse incremento nas entregas frequentemente gera um fenômeno preocupante: a produtividade tóxica.
Acima de tudo, compreender essa noção é essencial para entender como ela afeta a consolidação de ambientes de trabalho verdadeiramente saudáveis. O desafio está em equilibrar a busca por excelência com o cuidado genuíno com as pessoas, evitando que a pressão por performance se transforme em uma armadilha.
Afinal, o que é ser produtivo?
Aumentar a produtividade, por si só, não deve ser visto como algo ruim. Refere-se à capacidade de produzir mais e melhor, otimizando os recursos disponíveis sem comprometer a qualidade do que é entregue e muito menos a integridade e o bem-estar de todos os envolvidos.
Dessa forma, uma produtividade saudável deve sempre ser medida levando em conta a eficácia, os resultados obtidos com aquele trabalho e o respeito ao ritmo de cada um. Isso permite a evolução individual e coletiva sem afetar a saúde de ninguém.
Administrar o tempo com inteligência, estabelecer metas claras e factíveis, manter o foco e saber priorizar demandas são outros pontos de uma produtividade equilibrada.
E quando a produtividade se torna tóxica?
É claro que a linha entre produtividade saudável e produtividade tóxica é tênue. Todavia, esse descompasso surge quando a necessidade de se manter produtivo é levada a um extremo que ignora a capacidade física e emocional do indivíduo.
Entre as situações que ilustram isso estão aquelas que envolvem jornadas de trabalho estendidas além do razoável, a cobrança permanente por resultados imediatos e até mesmo traços de uma cultura organizacional em que “estar ocupado” é sinônimo de competência e dedicação.
Por consequência, o colaborador perde a autonomia e a capacidade de gerenciar seu tempo, enfrentando pressão para entregar mais, muitas vezes sem suporte adequado.
Além disso, o trabalho passa a ocupar o espaço antes dedicado ao descanso e até mesmo ao convívio familiar, ao lazer, entre outras atividades essenciais para uma vida saudável.
Em paralelo, o reforço à produtividade tóxica gera frustração, seja pela ausência de reconhecimento do esforço diário ou pela cobrança exclusiva por metas muitas vezes meramente quantitativas.
Leia também: Workaholic é menos produtivo? Entenda o conceito e como afeta a saúde e a performance
Os reflexos negativos da produtividade tóxica
Não é difícil imaginar as consequências disso, sobretudo no longo prazo. O excesso de pressão frequentemente causa sobrecarga física e mental, aumentando o risco de diversas complicações de saúde.
As alterações de natureza psíquica são as que mais chamam a atenção nesse contexto. Colaboradores exaustos têm mais chance de ficarem longe do trabalho por quadros de depressão, ansiedade ou da síndrome de burnout.
Os afastamentos por queixas de saúde mental no Brasil dobraram entre 2014 e 2024, segundo dados do Ministério da Previdência Social. Ao todo, em 2024 foram mais de 440 mil episódios do tipo em todo o país.
Quais os principais traços de uma produtividade tóxica?
Com alguma atenção, empresas e profissionais de RH conseguem identificar um ambiente em que esse tipo de comportamento prevalece. Os sinais mais relevantes incluem:
- excesso persistente de horas trabalhadas, extrapolando os limites preestabelecidos;
- pressão constante para atingir metas desafiadoras sem considerar os recursos disponíveis ou mesmo o tempo hábil;
- cultura corporativa que desvaloriza o bem-estar e a qualidade de vida, enxergando esses elementos como fraquezas;
- falta de equilíbrio entre demandas profissionais e necessidades pessoais, gerando uma série de negligências;
- ambiente em que há o receio constante de perder o emprego por ser visto como “menos produtivo”;
- reconhecimento restrito, sem feedbacks específicos e que ignora esforços individuais e coletivos.
Esses elementos, quando somados, criam e fortalecem um clima organizacional negativo, afetando a performance e os resultados alcançados.
O que as empresas devem fazer para evitar esse cenário?
O combate à produtividade tóxica exige um compromisso genuíno da liderança e a construção de uma cultura organizacional que valorize a qualidade de vida como pilar da produtividade sustentável. Para isso, algumas ações fundamentais envolvem:
- definir e respeitar políticas claras de jornada de trabalho, evitando horas extras desnecessárias, promovendo o uso consciente do tempo e reforçando o direito à desconexão depois do expediente;
- incentivar pausas periódicas e momentos de descompressão ao longo do expediente;
- oferecer suporte de saúde, por meio de programas de prevenção, identificação e acolhimento de adoecimentos;
- capacitar líderes para identificar sinais de estresse e desgaste, promovendo diálogos abertos e empáticos com suas equipes;
- promover uma comunicação transparente, com informações claras sobre expectativas e metas;
- reconhecer o esforço diário, incentivar o trabalho colaborativo e celebrar pequenas conquistas;
- estimular a flexibilidade e autonomia na gestão das tarefas, respeitando o ritmo e as necessidades individuais;
- adotar métricas de acompanhamento que vão além do meramente quantitativo, incluindo também avaliações de clima organizacional e satisfação dos colaboradores.
Em resumo, essas medidas são eficientes não apenas para evitar a produtividade tóxica, mas também para promover um ambiente saudável, estimulante e sustentável, onde o bem-estar e o desempenho caminham lado a lado.
Antes de ir embora, tire uns minutinhos para entender o que efetivamente é a cultura organizacional e como ela influencia na saúde mental das empresas.
Referências
Produtividade tóxica: o que é e como identificá-la?
Não caia na armadilha da produtividade tóxica!
https://posdigital.pucpr.br/blog/produtividade-toxica
Let’s End Toxic Productivity
https://hbr.org/2024/11/lets-end-toxic-productivity